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"A história leva séculos para acontecer e tudo cabe, depois, nas páginas de algum livro. Se não for escrita, jamais será uma história, nem terá valido a pena ter acontecido" Antonio Caprio

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

JOÃO DE MELO MACEDO, O JOÃO D’OESTE

“Ex nihilo nihil fit “(nada vem do nada)

João de Melo Macedo


Há pessoas que nascem e morrem.  Outras nascem, vivem e morrem. Outras ainda nascem, vivem, se tornam heróis e nunca morrem.  Herói é um ser extraordinário por seus feitos guerreiros, valor ou magnanimidade. O protagonista de uma obra literária, diz o dicionário. Álvaro Granha Toregian afirmou que ‘os homens, para se tornarem imortais, precisam inexoravelmente ‘morrer’. Oscar Wilde escreveu que ‘viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe”.
Em seus livros o nome de João de Melo Macedo é grafado como “Melo”. Alguns textos o nome aparece como “ Mello”. Opto pela grafia usada em seus livros.

Em 8 de fevereiro de 1905, nas terras mineiras e em Santa Rita de Cássia, nasceu um menino filho de Venefredo e dona Ana Cândido, morta no parto. Menino esperto, criado pelos tios, aos doze anos de idade escreveu seu primeiro trabalho que ele chamou de folheto – um livro de poesias - com o título de “Primeiras Poesias” publicado em 1917 de forma artesanal. Nosso menino fez a primeira fase educacional em Muzambinho e já era visto como promessa promissora no meio intelectual com apenas dezesseis anos. Na Semana da Arte Moderna de 22, em São Paulo, recebeu honra ao mérito pela participação. Em pouso Alegre se destacou em movimento literário e seu poema “Oração” lavrou classificação como um dos melhores trabalhos. Tornou-se amigo de poetas como Noraldino Vieira, Pedro Saturnino, Antônio Cândido, Odilon Azevedo, Carlos Drummond de Andrade, Mario Guimarães Rosa e outros, e com isto alçou-se à esfera dos ‘astros da poesia’ da época, lapidando, dia a dia, seu estilo e desenvolvendo sua capacidade com o manuseio das palavras em belíssimos sonetos e trabalhos literários fulgurantes.

Em Belo Horizonte chega ao quarto ano de medicina, mas desiste e diploma-se em farmácia e com o diploma na mão, sua alma de aventureiro e pesquisador nato do folclore e da literatura regional, foi atraído pelas lendas e riquezas da região noroeste do Estado de São Paulo e pousa, para nossa alegria, na região do alto do “Jatahy” num lugarejo chamado Tanaby que lutava para se tornar de vila em município, pertencente ao distrito de São José do Rio Preto. Em Tanabi tomou posse de vesga de terra pertencente à sua família e se instalou no meio que sempre sonhou: a natureza bruta, ouvindo o canto dos pássaros e apreciando as intermináveis chuvas como que orquestra para seus ouvidos; seus olhos inquietos sempre à procurado do belo, sua mente aguçada para o natural, o espontâneo e a natureza em festa forjando, como Odin, deus nórdico da sabedoria, o fazia com sua espada, o poeta que nascia com todo seu esplendor sob a ação da bigorna do tempo. Tinha razão Ernest Hemingway quando disse: O segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a humildade. E isto isso Macedo tinha em abundância.  

Instala-se na vila Tanaby com sua botica e depois a transforma em ‘Pharmacia Tanaby’, um verdadeiro consultório médico onde ele mesmo manipulava remédios que em sua grande maioria era oferecido gratuitamente e por isto recebeu a alcunha feliz de ‘ médico dos pobres. De porte atlético, bem constituído fisicamente, começou a se mostrar como um belo pretendente às moças da cidade e região. Seus poemas e sonetos a elas encantava e ele, muito polidamente, oferecia a cada uma foto sua com bela e específica dedicatória. Na linha de Mario Guimarães Rosa, de quem era amigo, se torna num sertanista e era visto pelas ruas em suas horas de lazer com bombacha branca, botas altas e bem engraxadas, lenço vermelho ao pescoço e enorme chapéu branco, levando à mão um bem trançado rebenque de couro artisticamente trabalhado que brandia durante sua calma caminhada. Sua mente fervilhava e entre o corre-corre da vida e seus momentos de introspecção fizeram nascer em 1935 seu livro “Arribada” que se mostrou como o cordão umbilical dele com as coisas da terra, da labuta do homem do campo, do mugir do gado nos pastos, do barulho das chuvas com seu maestro ribombando a batuta dos trovões. Carlos Drummond de Andrade disse que “ há livros escritos para evitar espaços vazios na estante’, mas Arribada não, este veio para se destacar na estante e ficar no coração de cada leitor dada à forma apaixonante de suas composições retratando a força do homem na terra e em sua lida. O livro era para se chamar ‘Província’, mas acabou se tornando ‘Arribada’, editado pela Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, de São Paulo.

Arribada:
Lá vem eles, lá vem,
trôpegos, marchando,
ao beijo emoliente da soalheira.
A comitiva reduzida,
não os anima o algazarreio das chamadas,
nem o toque dos berrantes,
nem os embala
a barbara melopéia dos aboios.
Caminham vagarosamente,
bois vadios, que se tresmalharam,
rêses que as doenças retardaram
para essa marcha lúgubre e cansada....
Para essa marcha sem poesia,
No desconsolo e no silêncio da arribada....

Como num vulcão em erupção, em abril de 1946 lança “Versos de Outro Tempo”. Macedo costumava oferecer exemplares a amigos especiais porque entendia ser o livro ‘ um pouco avançado’ e não para todos. Não buscava fazer deles comércio. Destaco aqui o que ele pensava do poeta:

A um poeta
Ai! Porque elevas, no tumulto, o canto
e revelas, na praça, a tua dor?
O mundo, sabes? Ri do nosso pranto!
Esconde a angústia do traído amor.
Lágrimas, verte-as, pois, na solidão,
Porque a amizade, aqui, engana e ilude,
e é um nome proibido esse de irmão.
E uma louca ridícula – a virtude.
A teu martírio, cúpido e ferrenho,
esse povo, a quem falas, correrá;
Todos ver-te-ão curvar sob o teu lenho
- Ninguém de ti se compadecerá....
Oh! Mente, mente! O teu rosto jucundo
mascare íntima dor sempre a sorrir;
A verdade não é para este mundo,
ai daquele que não souber mentir”.
(p. 19 )

Interessante é a ponderação que Mario Quintana faz sobre o poeta. Ele diz: A diferença entre um poeta e um louco é que o poeta sabe que é louco...Porque a poesia é uma loucura lúcida”.

Edgard Allan Poe nos diz: “aqueles que sonham acordados tem consciência de mil coisas que escapam aos que apenas sonham adormecidos”. O poeta não é isso?

O livro foi publicado pela Empresa Gráfica da “ Revista dos Tribunais”. São Paulo, em abril de 1946.
O homem urbano com os pés fincados na terra que lavra, que cultiva, que faz produzir e que na botica reverencia aos químicos do passado na busca da cura das dores de quem o procura, e aquele que atrás de uma mesa e de caneta à mão, fez nascer em 1961 o “Cântico do Pioneiro”, com versos ilustrados por Aldemir Martins, transformando palavras em imagens maravilhosas e realísticas do pioneiro de nossas terras – o homem do campo.

Seus livros “Arribada e Versos de Outro Tempo”, provocaram intensa reação de literatos, jornalistas e admiradores em todo o país. De João Guimarães Rosa, recebeu  carta com o seguinte trecho:” De volta de uma viagem ao interior de Minas – à paisagem grande e campineira – pude ler os belos poemas do seu ‘Arribada’, também um viajar, pela poesia, pelas estradas do sertão, com o vagaroso gado, na ruana de marcha braceira, assistindo à hora azul das queimadas, ouvindo o canto do carro de bois ou a buzina do peão...Como poderia deixar de gostar dele? Nessas páginas, eu poderia “cortar o chão o dia inteiro”. Sua poesia é real e eficaz”. Ariovaldo Corrêa – in “Homens e coisas de Mirassol”, escreveu: Há em seus versos uma arte, uma suavidade singular em reproduzir aspectos da natureza, cenas fidelíssimas da vida campeira, ora oferecendo-nos o retrato do camponês, cantarolante, arando a terra e antessonhando o milagre das colheitas, ora trazendo-nos de leve, aos ouvidos, o gostoso rumor da água da grota”. Foram muitos os que se manifestaram sobre o livro, entre eles Sebastião Almeida Oliveira, Orlando Romero, Judas Isgorogota (A Gazeta), Eloy Pontes (O Globo), Nelson Werneck Sodré (Correio Paulistano) e outros. 

Voava cada vez mais alto o ‘canário da terra’, o bandeirante Macedo e, demonstrando sua intensa devoção à Santa Rita de Cássia, padroeira de sua terra natal, escreve, em  dois opúsculos, exaltação à Mãe de Jesus – Tríptico de Santa Rita de Cássia – 1960-  demonstrando o lado humano e religioso de seu coração e mente de poeta. Encanta ao mundo religioso por sua forma e estilo, sem exageros e indo profundamente em seu lado e formação cristã. Baden Powel disse: “Fazer a felicidade dos outros é a melhor maneira de ser feliz”

Não mais conseguindo se livrar de Cupido, Macedo se enamora de Rackel Gauch que por décadas buscou vencer o eterno galanteador e casa-se na Igreja de Aparecida do Norte. Ela era professora de francês e seu aluno Macedo se tornou num expert em leitura e fala na língua francesa. Macedo, nosso Joao D’Oeste, era poliglota dominando o italiano, o espanhol, o árabe, o francês, o grego e o latim. Era jornalista e se correspondia com renomados autores brasileiros e jornais de todo o país. Era um homem atualizado e integrado a seu tempo participando do mundo em que vivia. Falecida a esposa Rackel, casou-se em sua prima, dona Maria Macedo Nubile em 12 de outubro de 1967. Dos casamentos não houve filhos, mas Macedo adotou filho, que morreu de forma precoce, auxiliando outras crianças e ajudando-as na linha da vida.

Sobre ele, o Joao D’Oeste, escrevi:

MESTRE MACEDO.

Braços para trás, caminha
absorto em pensamentos mil,
olhar distante como a avezinha
no céu infinito cor azul anil.
Levanta cedo, saúda a manhã,
visita a cidade, seu povo e ruas,
sempre pensando e com mente sã
lá está o Mestre  em andanças suas.
Filosofa, faz da vida poesia,
canta o amor, domina idiomas,
médico dos pobres, o povo diz,
dá  ao viver refinado aroma.
Intelecto profundamente enriquecido,
personalidade forte, nobre e marcante,
em nosso meio é o bom Macedo querido,
filantropo, humano, de valor relevante.
(Letras em Gotas – p. 41)

Em todo meu aniversário recebia cartão com pequeno verso grafado e com sua conhecida assinatura. Guardo-os com muito carinho.

Macedo viveu e construiu à sua volta um verdadeiro universo de conquistas para a comunidade tanabiense e regional. Não só plantou árvores, escreveu versos, livros, artigos. Ele fundou o Aeroclube, conseguindo a doação de dois aviões para o clube que ministrava aulas de aviação formando pilotos,  o Tênis clube; foi delegado Regional de Cultura da Sociedade de Etnografia e Folclore de São Paulo; um dos criadores do Tiro de Guerra, da Associação Rural, do Clube dos Tangarás, do Tanabi Cestobol Clube, membro-fundador do Lions Clube de Tanabi, mantenedor de várias instituições caritativas, trabalhou na criação do Brasão de Armas de Tanabi em consonância com Antônio do Nascimento Portela, artista plástico de São José do Rio Preto;  autor da letra do Hino do Município de Tanabi, um dos criadores e mantenedor da antiga Escola Técnica de Comércio Visconde de Mauá, hoje Fundação Educacional que leva o seu nome. Não retinha seu conhecimento só para si. Era palestrante e conferencista e representou a região na Festa da Uva do Rio Grande do Sul (1954) onde, entre outros, saudou o Presidente da República, Getúlio Vargas, que visitava aquele empreendimento. Causou espanto sua eloquência e oratória, fazendo seu discurso em quatro idiomas simultaneamente e dando uma ‘aula’ sobre vinicultura. Chegou a ser sondado para ser Ministro da Cultura. Sócrates afirmou: “As almas de todos os homens são imortais, mas a alma dos homens justos são imortais e divinas”.

João D’Oeste não ficou só nisso. Foi prefeito nomeado de Tanabi de 28 de dezembro de 1943 a 01 de março de 1945. Capitaneou o processo de elevação do Município de Tanabi a comarca, instalada em 13 de junho de 1945. Sabendo que um homem deve plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho, como não conseguiu esta última ‘exigência natural’, fundou a cidade de Macedônia no dia 07 de maio de 1945 em terras de sua propriedade que loteou e doou a pessoas e instituições. Ajudou a abrir as picadas, atuou na derrubada da mata e colheu os primeiros balaios de café em sua antiga propriedade, a Fazenda Santa Maria das Anhumas. Recebeu em vida várias homenagens como a Medalha Santos Dumont do Ministério da Aeronáutica, títulos de cidadão em Cunha e Cássia, nomes de escolas (Diadema-SP) e com seu violão cantava músicas da velha guarda em saraus culturais que fazia organizar. Professor de português e Latim, traduziu a obra “Divina Comédia” para o grego, escreveu e adaptou várias peças de teatro além de traduzir do inglês para português a obra ‘Oficial da Guarda”, do repertório da CIA, escrevendo inúmeros monólogos, como por exemplo “as Carmelitas”.  Fez jus ao que disse Jack London : ‘ A verdadeira função do homem é viver, não apenas existir’.

Como soe acontecer com todos, a chama de sua vida se extinguiu no dia 18 de outubro de 1981 aos setenta e seis anos. Olavo Bilac disse: “envelhecemos rindo! Envelhecemos como as árvores envelhecem.” Com ele não foi diferente e deixou frutos a mancheias.  Steve Jobs disse: “ cada sonho que você deixar para trás, é um pedaço de seu futuro que deixa de existir”. Ele viveu todos os seus sonhos e transformou em realidade muitos e nossos sonhos. Seu nome foi perpetuado, também, na praça central da cidade “ Praça Joao de Mello Macedo”, declarada recentemente por trabalho encetado pelo jornal Diário da Região como uma das sete maravilhas da região. Seu corpo está sepultado no Cemitério Central da cidade.

Cora Coralina afirmou que: ”poeta, não é somente o que escreve. É aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima, à autenticidade de um verso”. Ele foi assim.

Era João de Melo Macedo um homem que vivia e observava tudo à sua volta. Numa de nossas memoráveis reuniões quando da elaboração da letra do Hino de Tanabi, ele, parado e de olhos fixos nas lâmpadas fluorescentes da sala, foi por mim chamado à realidade, e ele, com sua voz anasalada e firme, sem tirar os olhos das lâmpadas, me perguntou: ....Caprio, pingo é letra? Eu prontamente respondi que sim. E ele, depois de uma bela gargalhada, e observando os pontinhos (coco) deixados lá pelas moscas, completou...  então a mosca é escritora.....


Este era “ João de Melo Macedo, nosso João D’Oeste. 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

REFLEXÃO SOBRE O ANIVERSÁRIO DE TANABI


Mais um ano. Cento e trinta e quatro pós fundação. O que comemorar? Tivemos acertos? Tivemos erros? Erraram nossos administradores desde o ato primeiro? Acertaram onde? Quem mais acertou? Quem mais errou? Temos respostas para todas estas angustiantes perguntas. Muitas não são agradáveis, outras sim. Acertamos mais do que erramos? A linha do tempo não para. Antes, em 1882, éramos o único município depois de Rio Preto, fundado em 1852 Hoje centenas de municípios e alguns muito à nossa frente. Por que não crescemos como deveríamos ter crescido? O tempo escoa eternamente na linha dos anos, dos séculos. Cavalo arriado passa, diz o populacho. O nosso passou algumas vezes e não tomamos atitudes. Outros tomaram. Perdemos nossa comarca em 1927 no lamentável episódio do “cacheado”. Em 1928 ficamos atrelados à comarca de Monte Aprazível e só alcançamos autonomia em 1944. Em 1936 perdemos a EFA – Estrada de Ferro Araraquarense que foi desviada, numa curva avantajada para a margem direita do São José dos Dourados quando deveria passar onde hoje é a Vila Thomaz. Criou-se a Estação de Engenheiro Balduíno só voltando ao trajeto inicial nas imediações onde hoje é Ecatu. Nem Monte Aprazível nem Tanabi. Nova perda. Tentou-se consertar o estrago com a criação da Estação do Sapé, na década de 60 e outro fracasso. Crescemos com sofreguidão em termos imobiliários em nível urbano e se avolumaram problemas e responsabilidades nos aspectos sociais e de segurança. No campo do ensino não conseguimos uma Diretoria (antiga Delegacia); na Segurança Pública adeus ao Batalhão, perdendo de novo para Monte Aprazível. A Delegacia Agrícola chegou a ser criada e logo desapareceu. A indústria de bebidas Antárctica ensaiou vir para Tanabi e não conseguiu, fato semelhante ocorreu com a Chincariol. Riachuelo e Pernambucanas foram embora. Idem o Colonial. Nossa indústria de bebidas perdeu força e quase evaporou. Nosso frigorífico avícola bateu asas. Nossa faculdade veio e não ficou. Nossos grandes desfiles evaporaram. Nosso Tiro de Guerra perdeu a batalha. Nosso cinema terminou num filme triste. Nossa estação de tratamento de esgotos enroscou. Erros seríssimos e com grandes repercussões na linha do tempo das pessoas, das empresas e da cidade. Um elo sozinho nada vale. Um conjunto de elos se torna numa bela corrente. Se não unirmos nossas forças ficaremos ao sabor do ‘ se Deus quiser”. E o tempo passou. Pessoas passaram. Tudo passa. Mesmo assim somos a Terra das Borboletas. Continuamos a sê-lo. Sempre seremos. Nosso lema é “ semper fluit flumen papilionum” (sempre corre o rio dos borboletas), embora poluído, sem borboletas e sem vida. Será exagero meu? Lembro que isto não é uma crítica e sim uma reflexão. Desejo que não erremos mais. Apesar de tudo, coisas boas aconteceram nestes anos todos. Diante disso, parabéns Tanabi e sua gente de ontem e de hoje por mais um aniversário. 

Um lembrete, em especial à classe política: Juízo.

terça-feira, 28 de junho de 2016

HISTÓRICO DO CORPO DE BOMBEIROS DE TANABI

Tudo tem sua história e a história da instalação do Posto de Bombeiros de Tanabi é bastante interessante e precisa ser escrita e conhecida.

Fatos antecedentes: Os primeiros movimentos visando a instalação de base de bombeiros em Tanabi remonta 1997, no final do mandato do prefeito Norair Cassiano da Silveira(I) onde interagiram o vereador Francisco Evangelista de Souza Filho e o subtenente Osmar do Nascimento. Em 1997 o vereador Francisco Evangelista de Souza Filho fez aprovar pela Câmara a Indicação 75/97, de 27 de maio de 1997 no mesmo sentido na presidência do vereador João Mazza. 

Em 1999 nova Indicação foi feita na Câmara Municipal de Tanabi, número 94/90, de 15 de setembro de 1999, assinada pelo então vereador Luiz Antonio Tonini, tendo na Presidência o vereador Paulo Cesar Bento. Em 2000 aconteceu reunião com o comandante do subgrupamento de S.J.R.Preto, Capitão Cunha, para tratar do assunto. O documento foi encaminhado ao Chefe do Executivo, senhor Alberto Victolo e à chefia do Corpo de Bombeiros de Mirassol. Por ação de vários interessados a documentação foi despachada aos cuidados do Secretário da Prefeitura, prof. Antonio Caprio, para a tomada das providencias devidas. Após, a Secretaria entrou em contato com várias autoridades da Policia Militar – área de Bombeiros, e foi preparado um cronograma de atividades para serem desenvolvidas. Nesta fase o sargento Montanhini assumiu papel de destaque e decisivo no processo.

A primeira medida oficial adotada em 2001 foi a celebração de convênio com o Governo do Estado através da Lei Municipal nº 1.723/2001, de 6.12.2001 com base na Lei 684, de 30.set.1975. Após foi votada a lei Municipal nº 1.775/2002 onde se fixou as taxas para execução dos serviços de bombeiros em Tanabi e a Taxa de Sinistros. A seguir foi elaborada e aprovada a Lei Municipal nº 1.776/2002, criando o Fundo Municipal de Bombeiros – FEBOM, que teria a seu cargo o recebimento e administração dos recursos do Posto de Bombeiros de Tanabi. 

Na linha do tempo foi aprovada a Lei Municipal nº 1.821/2004 criando 15 cargos de bombeiros na estrutura administrativa de Tanabi. Foi celebrado termo de concessão de uso do prédio sito na Rua Coronel Joaquim da Cunha esquina com Cap. Jerônimo Fortunato, antes destinado ao setor de Cultura do Município que foi totalmente reformado pela Prefeitura e feitas as adaptações devidas com um custo próximo de R$ 100.000,00(cem mil reais). O concurso escrito se deu em 27 de janeiro de 2004. As provas práticas foram feitas nos dias 28,29,30 de maio. O preparo esteve a cargo do Instituto Atenas de Adamantina e Corporação de Bombeiros Estaduais da região. Foram aprovados 15 bombeiros, todos sob regime municipal. Apoio: Decreto Municipal de 30 de abril de 2004.Os bombeiros municipais fizeram treinamento de 01.04.2004 a 11.12.2004. 

HOJE a corporação registra 22 bombeiros, sendo 7 mantidos pela municipalidade e 15 pelo Estado, num total de 22 componentes. A integração é feita pelos Bombeiros Militares estaduais de Rio Preto e Mirassol. O atendimento abrange Bálsamo, Mirassolândia, Cosmorama e cidades da região. No início só tínhamos o prédio, um fusca e um soldado PM. Atualmente o Posto é dirigido pelo subtenente PM Manoel Batista de Oliveira e tem como auxiliar Administrativo o PM Rene Rodrigues Calister e possui os sequintes equipamentos: 2 Caminhões, sendo 1 autobomba e um autotanque. e 1 Viatura de Resgate;1 veículo para resgate de animais;1 carro para uso geral; 1 barco; 3 tesouras – desencarceradoras; 1 conjunto completo para salvamento em altura; 1 equipamento completo de salvamento aquático;1 conjunto completo de salvamento terrestre;Cilindros respiratórios e equipamentos afins e EPI – para incêndio – completo. 

Os serviços prestados são estruturados nos seguintes setores:

  1. Base de atendimento técnico – expedição de alvarás, vistorias e outros documentos. Responsável pelo setor: Leonardo Luiz Stéfani da Silva.
  2. Base de atendimento Operacional –atividades de ruas e apreensão de animais e atividades preventivas contando com o subtenente Oliveira na ministração de palestras, cursos, etc. Responsável pelo setor: Anderson Benevente Agudo. 
Mensalmente a base atende em média 200 casos. Atualmente com a criação do SAMU o atendimento está estimado de 160 a 180 atendimentos/mês. O financiamento da estrutura é feito pela Prefeitura que mantém 7 bombeiros, alimentação, servidores( merendeiras), energia elétrica, combustível e outras despesas. O Estado custeia 15 bombeiros. São atendidos municípios da região, dentre eles Bálsamo, Mirassolândia e Cosmorama. 

Registros:
  • Para a compra da primeira tesoura desencarceradora foi acionada a empresa Comatra, de Porto Alegre. O teste inicial foi feito no dia 15 de janeiro de 2004 usando-se um Fiat 157, doado pelo Ferro Velho São João. O evento foi coordenado pelo Capitão PM Paulo Sérgio Berto com a presença de e alguns convidados e autoridades dentre os quais o Prefeito Norair Cassiano da Silveira. Hoje a corporação tem 3 destas. 
  • TAXA DE SINISTRO: Esta foi criada para subvencionar despesas básicas do Posto de bombeiros de Tanabi tais como compra de computadores, mobiliário, instalação e manutenção de hidrantes, aquisição de equipamentos necessários e outros de interesse e necessidade da corporação. No início foram vários os vereadores contra a instituição da citada taxa, depois, se conscientizaram da necessidade dela. Hoje a taxa está incorporada no carnê de IPTU, totalmente revertida em favor da comunidade. 
  • A corporação de Tanabi participa ativamente de cursos especializados visando o aprimoramento dos serviços oferecidos pelo Posto de Bombeiros de Tanabi, registrando extensa grade de atendimentos em favor da preservação da vida, atendimento a acidentes de várias naturezas, em especial automobilísticos, captura de animais em situação de risco, apreensão e cuidados com animais diversos, combate a incêndios, palestras educativas sobre temas de interesse da corporação e a presença marcante na vida e no cotidiano dos cidadãos tanabienses. 
  • Primeira turma de Bombeiros Voluntários de Tanabi: A primeira turma foi diplomada no dia 10 de abril de 2000, em S.J.R.Preto, onde houve o ‘batismo e foi coordenada pelo 13º Grupamento de Bombeiros de São José do Rio Preto sendo homenageadas várias pessoas. Foram Bombeiros Voluntários: Antonio Garcia Martines, André Augusto Garcia Martines, Carlos Roberto da Silva, José Francisco de Matos Neto, José Luiz Casagrande, Alberto Scrignoli Bento, Luciano Aguilera, Julio Donela Quiguii, Jussara M.Silva Selvante, Helio Gusson Camilo, Isabel Cândida da Silva Moraes, Fabricio José de Camargo, Adilson Pivaro Fiamenghi, Ricardo da Silveira Magri, Alessando Mendes da Silva e Heitor Marcel Martines.
  • Segunda turma de Bombeiros Voluntários de Tanabi: Aconteceu no dia 6 de abril de 2002. Turma “Carlos Roberto Batista” e contou com a participação de autoridades locais entre os quais como convidado o senhor Amadeu Menezes Lorga – pai do Bombeiro Voluntário e Juiz de Direito da Comarca Dr. Ricardo de Carvalho Lorga - que foi o orador da turma, com a presença do Tenente Coronel Antonio dos Santos Antonio, o Subtenente Dagoberto, chefiando a PM de Tanabi, o prefeito Norair Cassiano da Silveira, o vice-prefeito Florindo Galvani e outros. Na oportunidade foi entregue cartão de prata em agradecimento ao comandante Paulo César Berto, pelos serviços prestados à corporação. A cerimônia se deu na Praça central João de Melo Macedo onde também aconteceu o ‘ batismo ‘ da turma e demonstrações práticas. O evento contou com o incentivo do 1º Tenente Comandante do Posto de bombeiros de Mirassol Sandro Yukio Kubo. Bombeiro Voluntários: Ailton Alves de Novais,Carlos Lopes Ribeiro, Donizete Moreno da Silva, Elizeu Diogo Romano, Fabiana Cristina Fregoneze, Genesio Ferreira Bernardo, José Tadeu de Luca, Júlio Cesar de Oliveira, Luiz Antonio Vieira Custódio, Odair Socorro do Nascimento, Paulo Cesar Barbosa, Ricardo de Carvalho Lorga, Roni Carlos Silvério de Paulo, Sergio Magri, Wagner Piovesan e Walter de Jesus Piovesan. Comandava a Policia Militar o Subtenente Dagoberto. Comandava a PM local Arnaldo do Nascimento. 
  • A comunidade local, por quotização, colaborou no levantamento de valores para as despesas do preparo do fardamento de alguns voluntários. 
  • O Corpo de Bombeiros de Tanabi foi inaugurado no dia 12 de dezembro de 2004 e contou com a presença do Comandante Geral do Corpo de Bombeiros de São Paulo José Paca de Lima, do prefeito Norair Cassiano da Silveira, do presidente da Câmara Florindo Galvani, do Juiz de direito da comarca Dr. Ricardo de Carvalho Lorga e outras autoridades. A cerimônia foi no prédio do Corpo de Bombeiros às 10:00 horas. Após foi oferecido coquetel aos presentes. 
Participaram ativamente do processo da criação e instalação do Corpo de Bombeiros de Tanabi o 3º Sargento Donizete Aparecido Montanhini que fazia os contatos básicos e fundamentais entre as autoridades locais, o GB de S.J.R.Preto e comando de São Paulo; o professor Antonio Caprio, Secretário da Prefeitura a quem coube criar os projetos, elaborar os processos, coordenar a movimentação da documentação e contatos e organizar os eventos gerais; o comandante do GB de São Paulo Coronel Jair Paca de Lima; o senhor Norair Cassiano da Silveira como prefeito municipal; o PM Ezequiel Divino Cavassani relativo ao segundo grupo de bombeiros voluntários, bem como outras pessoas da cidade de Tanabi , S.J.R.Preto e Mirassol. 

Do trabalho de muitos hoje aí está a corporação prestando grandes serviços à comunidade sendo o responsável pelo salvamento de muitas pessoas e patrimônios particulares e públicos, além de um orgulho para Tanabi. Os agradecimentos comunitários a todos que ajudaram a tornar real este importante empreendimento. 

Algumas fotos:

inauguração

vista frontal do prédio

inauguração 12/12/2004

quarta-feira, 22 de junho de 2016

MEMÓRIA MUNICIPAL 08-2016


NOSSAS RUAS E PRAÇAS - denominação


A história de uma cidade costuma ficar registrada nas ruas, avenidas, praças e outros logradouros públicos. Apenas um número bastante pequeno utiliza números para tal atividade e mesmo assim somente na parte mais antiga. Os acréscimos que vão sendo feitos através de bairros e novos espaços já recebem nomes de pessoas ou datas históricas quer da localidade quer do estado em que se situam ou país 

No caso específico de Tanabi, especialmente na parte antiga ou central da cidade, alguns nomes remontam fundação e ao município. Várias denominações foram alteradas ao longo do tempo, o que não deveria acontecer, visto que se estas vias e logradouros receberam nomes de antigos moradores há de ser por alguma razão, e o que não se pode é apagar a história de um povo, por mais que se modernize. Vejamos alguns casos mais antigos de Tanabi: 

Praça da Bandeira – Esta se localiza na parte central da cidade e era o local do jardim público e Praça da Matriz e Santuário. Hoje o local se denomina Praça João de Melo Macedo. Hoje a quadra anexa tem denominação especial – Praça Nossa Senhora da Conceição. 

Praça 24 de outubro – Esta se localiza onde hoje é o terminal rodoviário de Tanabi. Foi inicialmente denominada Praça da Matriz porque no local foi instalada a primeira igreja, primeiro em sapé (1882) e depois em alvenaria(1891). No local deu-se os primeiros atos da fundação de Tanabi. Posteriormente, o local passou a se denominar Praça Stélio Machado Loureiro por força da Lei Municipal nº 224, de 7 de janeiro de 1956, em homenagem a jornalista paulista e que prestou vários serviços ao município de então.

Praça Joaquim Chico – Esta se localiza logo na entrada da cidade e teve seu nome dado em homenagem ao fundador de Tanabi, senhor Joaquim Francisco de Oliveira, o Joaquim Chico e construída na administração Milton Cury Miziara com projeto de autoria do engenheiro tanabiense Tulio Negrelli. 

Praça Francisco Viola – Esta ocupa a parte frontal da atual EM Ganot Chateaubriand. O homenageado era músico e educador em Tanabi. A denominação foi dada através da Lei Municipal nº 239, de 4 de dezembro de 1956. 

Avenida Bechara Nassar – em homenagem a um dos primeiros industriais de Tanabi. Esta via liga a cidade antiga à atual Rodovia Euclides da Cunha e do outro lado a Rodovia Deputado Bady Bassit e bairros de Tanabi. Era denominada Avenida Presidente Kennedy. 

Avenida Antonio Lopes Cabrera - Via que une a cidade à Vila Thomaz e bairros rurais de Ibiporanga, Rincão, Ibiporanga e Malhador bem como ao Conjunto Habitacional Jardim Centenário. Foi assim denominada pelo Decreto-lei 119,de 23 de março de 1972 e com a denominação de Avenida Brasil.

Rua Jorge Tabachi – Assim denominada por força do decreto-lei municipal nº 120/72, de 23 de março de 1972 e homenageia prestante e operoso comerciante e industrial de Tanabi, anteriormente denominada Rua Anita Garibaldi. 

Rua Nove de Julho – homenagem ao movimento da Revolução de 1932.Tanabi sediou em 1932 o movimento, sendo aqui instalado o último forte de resistência paulista, período em que foi construído o aeroporto municipal por onde chegavam víveres e armamento dos soldados constitucionalistas. Sebastião Almeida Oliveira foi Presidente do MMDC –Tanabi. A referida via era denominada Rua Filogônio de Carvalho, ativo membro político local e defensor das causas e interesses de Tanabi 

Rua José Serafim da Silva - Via assim denominada por força da Lei nº 248, de 8 de junho de 1957. O homenageado era político ativo local tendo sido também juiz de paz. A referida via era denominada Rua 13 de maio. 

Rua Coronel Militão – Nome atribuído em homenagem ao primeiro prefeito de Tanabi e um dos criadores do município. Era anteriormente vereador e representando Tanabi junto da Câmara Municipal de São José do Rio Preto. Exerceu o cargo de prefeito- intendente) por dois períodos. Faleceu em 31 de março de 1938.

Rua Barão do Rio Branco – Homenagem ao grande estadista brasileiro e um dos principais responsáveis pela demarcação do território nacional e nossas divisas. Era membro destacado da representação diplomática do Brasil nas organizações internacionais. 

Rua Monteiro Lobato – Nome em homenagem ao grande escritor brasileiro. Foi denominada pela Lei Municipal nº 28, de 9 de maio de 1949. Era denominada anteriormente de Rua 14. 

Rua Capitão Bonfim – Homenageia o político e o cidadão Antonio Soares Bonfim. Eram recebidas em sua residência grandes personalidades que visitavam Tanabi. Foi organizador de diversas ‘ cavalhadas’ que atraiam grande número de visitantes da região. Foi assim denominada por força da Lei Municipal nº 338, de 30 de julho de 1962. 

Rua Rui Barbosa – homenagem ao grande mestre do idioma brasileiro, magnífico orador e jurista brasileiro , o “Águia de Haia”. 

Rua Nilo Peçanha – homenagem ao ilustre brasileiro e ex-presidente da República do Brasil. 

Rua Dr. Dr. Cunha Júnior – Homenagem a um dos médicos mais antigos que Tanabi teve. Seu nome completo era Dr. José Luiz da Cunha Junior e foi assim denominada por força da Lei Municipal nº 271, de 21 de junho de 1958. Antigamente era denominada Rua Carlos de Campos 

Rua Sete de Setembro – Nome dado em homenagem ao dia da independência do Brasil. Seu nome antigo era Rua Tiradentes. 

Rua Marechal Deodoro da Fonseca – Homenagem ao primeiro presidente da República Brasileira. Na época o militar mais antigo das forças armadas do Brasil. 

Rua Capitão Daniel da Cunha Moraes – Homenagem ao cidadão prestante e por várias vezes vereador, presidente da Câmara e prefeito municipal (intendente). Foi assim denominada por força da Lei Municipal nº 116, de 29 de setembro de 1952. 

Rua Maria Paulista – Homenagem da comunidade tanabiense à uma das mais antigas parteiras da cidade. Foi assim denominada por fora da Lei Municipal nº 85, de 18 de janeiro de 1952. Era antigamente denominada Rua 12. 

Rua Moacir Sóssio Terra – Foi assim denominada por força da Lei Municipal nº 68, de 02 de maio de 1951. Foi um cidadão benemérito da cidade. Rua denominação antiga era Rua 17. 

Rua Tuffi Abufares – Foi vereador e político tanabiense. A rua foi assim denominada por força da Lei Municipal nº 248, de 8 de junho de 1957. Era antigamente denominada Rua 6.

Rua Professora Odete Garcia – Foi professora da rede pública estadual e notável educadora. Foi assim denominada por força da Lei Municipal nº 510, de 29 de junho de 1960. Era antigamente denominada Rua 29. 

Rua José Siriani – Político e prefeito de Tanabi. Esta rua foi antigamente denominada Rua 15 de novembro e depois Rua dos Estudantes, denominação dada pela Lei Municipal nº 229, de 3 de julho de 1956. 

Rua Alferes Polinice Celeri – Foi um dos co-fundadores de Tanabi. Exerceu o papel de orientador no processo de fundação do Arraial do jatai e depois em vários processos de modernização local. Era um fitoterapeuta natural. A rua foi assim denominada por força da Lei Municipal nº 197, de 19 de agosto de 1955. Antigamente era denominada de Rua 32. 

Rua Júlio Barradas – Comerciante e grande colaborador na construção da Igreja Matriz local. Denominação dada pela Lei Municipal nº 339, de 30 de julho de 1962. Era denominada Rua 4. 

Rua Marcílio Cesário de Magalhães – Foi vereador e político atuante. A rua foi assim denominada por força da Lei Municipal nº 197, de 19 de agosto de 1955. Antigamente era denominada Rua 19. 

Além destas, outras importantes personalidades foram objeto de denominações de logradouros públicos como Vergnaud Mendes Caetano, Odilon Pacheco, interventores municipais, Pedro Ovídio, Emilio Arroio Hernandes, como ex-prefeitos de Tanabi e desportista como Milon Ferreira da Silva. Este pequeno relato se fundamenta em escritos do sr. Sebastião Almeida Oliveira (Subsídios para a História de Tanabi, pp. 83/84) hoje homenageado na denominação da Biblioteca Pública Municipal.

Algumas fotos:




quarta-feira, 15 de junho de 2016

HISTÓRICO DO SERVIÇO DE TELEVISÃO EM NÍVEL MUNICIPAL

Antonio Caprio

Um sonho e uma realidade – 42 anos de trabalho. Do analógico ao digital. 


É natural que o tempo em sua plataforma indelével dos anos acaba por embaçar ou até mesmo apagar determinados momentos vividos em nível municipal que entendo devam ser reavivados para que não caiam na teia do esquecimento. Isto não é bom em termos de rememoração de nosso passado para que possamos entender melhor o presente. A sequência de artigos que aqui estou publicando é relativa a estas memórias. 

Na década de 70 ( 1974) Tanabi não tinha serviço de televisão local e recebia sinais da cidade de Guapiaçu, último repetidor regional de TV na alta araraquarense. Eram raros os televisores locais e, sem dúvida, em sinal preto e branco e de péssima qualidade. 

Visando resolver a questão, elaborei um plano de trabalho, e já como Chefe de Gabinete da gestão do senhor Milton Cury Miziara, foi feita, em 1975/76, a aquisição gratuita de terreno, por doação espontânea do senhor Francisco Florindo, para construção de serviço local de captação e retransmissão de TV, onde hoje está localizada torre e casa de equipamentos e serviço da CPFLe outros equipamentos de telefonia e TV, ao lado da Rodovia Euclides da Cunha, divisa Tanabi com Bálsamo em terreno medindo 50x50 metros. Participaram desta fase, além de mim, os senhores Valdomiro Bernardo, José Bernardo e outros. Os sinais viriam de Guapiaçu com quem a Prefeitura celebrou depois o convênio específico. Foram muitos processos e muitos documentos, idas a São Paulo e a Brasília, contatos dos mais diversos com os canais de televisão, mas tudo aconteceu conforme planejado e até melhor, apesar de lentamente. 

Na gestão do senhor Alberto Víctolo( 1977/1982) elaboramos extensa legislação municipal específica sobre o sistema de sinais de TV em Tanabi com relação a sinais da TV-Tupi, em VHF, filiando Tanabi à Associação Intermunicipal de Televisão da Alta Araraquarense (AIT) recém criada e com os mesmos objetivos de Tanabi com participação de várias cidades da região e com sede em Fernandópolis. O assunto foi autorizado pela Lei Municipal nº 627, de 06.02.75. Fizemos parte da diretoria, Waldomiro Bernardo, José Bernardo e eu. Crescemos muito em termos técnicos relacionados ao meu projeto e a cada dia avançávamos em direção ao objetivo final: dotar Tanabi de um sistema próprio de captação e retransmissão de sinais de televisão. 

Simultaneamente fizemos os contatos devidos através da Prefeitura e foi instalado em Tanabi sistema da TV-Cultura. O sistema foi instalado com festas em nível municipal com a presença do vice-governador do Estado. A Administração Municipal foi representada pelo vice-prefeito Milton Silveira Perches. Pouco a pouco fomos montando um processo que tinha como objetivo resolver a questão de captação de sinais de TV em Tanabi. Hoje a TV Cultura está distribuindo seus sinais de nosso serviço de TV próximo ao Cemitério Jardim da Igualdade. 

Depois de tanto trabalho o sistema não funcionou. Os sinais de Guapiaçu não chegavam com qualidade a nosso sistema, afirmando os técnicos que os problemas eram originados de jazida mineral no subsolo entre Tanabi e Guapiaçu impedindo a chegada dos sinais. Tivemos de alterar todo o projeto e remeter sinais de Guapiaçu para sistema que montamos em Onda Branca, próximo de Nova Granada. O sistema foi montado e lá os sinais chegavam com qualidade cem por cento como queriam Waldomiro, José Bernardo e eu. Para encontrar o local, várias vezes, Waldomiro com alguns aparelhos e eu com enorme bambu com uma antena na ponta, percorremos a pé terrenos onde o sinal passava até encontramos o local definitivo. Fizemos isso várias vezes e em várias voltamos sem alcançar êxito. Encontrado o local, terreno foi adquirido por comodato, autorizado pela Lei Municipal nº 970, de 218 de janeiro de 1987. A área pertencia ao senhor Antonio Soares Cordeiro ( Chácara Santo Antonio), Município de Nova Granada e foi contratado o referido senhor para servir como zelador do conjunto de captação e retransmissão. Resolvida a parte técnica, após os trâmites básicos, a Prefeitura fez construir pequeno recinto para acomodar os aparelhos e instalar a torre estaiada em Onda Branca. Para conseguirmos a cessão do local e documentar o fato fomos acompanhados do Dr. João Soler Haro, assessor jurídico da Prefeitura. Os equipamentos e torre conseguimos, mais uma vez, dos canais de TV envolvidos com ajuda da Prefeitura de Tanabi. 

Em Tanabi, ao lado do cemitério da Igualdade, já na administração do Dr. Waldir de Carvalho/Nivaldo Lucio Mazza ( 1983/1989), conseguimos a doação de terreno ( 50x50 m) da senhora Therezinha Freschi (Lei Municipal 912/85) com participação do senhor Arlindo Silvestre e outros com colaboração do senhor Laercio Delazari, onde foi construído sistema de televisão municipal com torre de 50 metros de altura e casa de equipamentos, autorizada pela Lei Municipal nº 912, de 09.12.85, num total de 3.600 metros quadrados. O sistema recebe os sinais vindos de Onda Branca. Nossa epopeia chegava ao fim contornando a jazida proibitiva e com isto estávamos com sinais cem por cento em Tanabi em UHF. Iniciamos logo a seguir documentação visando a instalação de sinais da TV-Globo, Bandeirantes e SBT. O Dr. Juraci Magro da Silva, da TV Globo, foi nosso grande incentivador e colaborador sob várias formas, orientando a forma do preparo de toda a documentação junto do Ministério das Comunicações e conseguimos autorização para os canais Globo, Bandeirantes, Record, SBT, Cultura e MIX. Nosso sonho e objetivos foram além dos esperados, embora com enorme trabalho e insistência, sem o que não teríamos alcançado o êxito hoje desfrutado por toda a comunidade. O processo foi autorizado pela Lei Municipal nº 934, de 24.6.1.986. 

As torres para captação dos sinais de TV na cidade, eram, até então altas e caríssimas. Após a implantação do novo sistema uma simples antena “ jacaré”, sobre a casa, “pegava ” os canais locais e a CORES. Tempos depois foi implantado o sistema Embratel, com antenas parabólicas e hoje o tanabiense pode optar entre o sistema local e o por satélites. 

Hoje: praticamente 42 anos depois, o serviço de TV local está contando com TV Globo, canal 17; SBT-canal 35; Bandeirantes-canal 48; Record –canal 41; TV Cultura, canal 38 e Mix, canal 51( religioso),todos pelo sistema analógico, e DIGITAL- SBT, canal 34.1; Record, canal 41.1 e aguardando a liberação do canal 26.1, Globo, já montado. 

O sistema ao lado da Rodovia Euclides da Cunha foi cedido em comodato para a TV Record e o sistema de Onda Branca para outras repetidoras. 

Como se pode ver, uma ideia e uma proposta foi transformada de um sonho em uma realidade que a todos alcança e serve. Bastou acreditar no sonho e trabalhar para que ele se tornasse realidade. 

Este um resumo, uma pequena história, sobre como conseguimos adentrar à modernidade e termos em nossas casas sinais de TV com qualidade. Foram poucos os que se engajaram e acreditaram no meu projeto e destaco entre eles Waldomiro Bernardo e seu irmão José Bernardo que continuam a prestar seus importantes serviços e experiência. Gratos estamos ao senhor Francisco Florindo, nosso doador inicial; à senhora Therezinha Freschi e o senhor Arlindo Silvestre(segundos doadores) e com a colaboração do senhor Laercio Delazari, ao senhor Antonio Soares Cordeiro,(terceiro-doador),ao Dr. João Soler Haro, ao Dr. Jorge Nassar Frange filho, engenheiro que fez o projeto da casa de máquinas da torre da divisa Tanabi-Bálsamo, aos prefeitos Milton Cury Miziara, Alberto Víctolo, ao Dr.Waldir de Carvalho, ao senhor Norair Cassiano da Silveira, ao senhor José Francisco de Matos Neto e Isabel Lopes Repizo, e em especial ao Dr. Juraci Magro da Silva, nosso grande orientador técnico da TV Globo na ajuda do preparo dos documentos necessários que me deram a sustentação e a garra para não esmorecer e chegar ao porto seguro que hoje desfrutamos. Se omiti algum nome em razão do lapso de tempo, peço me informem para a devida correção. Tenho filme completo do evento de inauguração do sistema local. 

Esta é mais uma pequena história que devemos conhecer sobre nossa Tanabi. Nada se consegue sozinho e a união de forças venceu mais uma vez. Grato a todos em meu nome em nome dos senhores Waldomiro e José Bernardo e, em especial, em nome do telespectador tanabiense, aos responsáveis pelos canais citados e à Prefeitura Municipal pela importante participação ontem e hoje.

                    
 Torre de TV - Sistema Municipal - ao lado do Cemitério Jardim da Igualdade 

sexta-feira, 3 de junho de 2016

HISTÓRICOS - OS NOMES ECATU, RINCÃO E IBIPORANGA –TANABI ORIGENS

O estudo das denominações de locais, regiões, bairros e assemelhados nascem da necessidade das pessoas em se localizar e se relacionar com o meio ambiente e ou onde vivem. Facilita a localização de determinado ponto para todos os fins, quer sejam nas cartas geográficas quer no encontro com pessoas via endereço de várias formas. Hoje no sistema internet o endereço é bem mais amplo que antigamente.

Podemos dizer que o cidadão mora no planeta Terra, numa determinada região, num continente, num país, num estado, num município, num bairro, numa rua e em um número residencial. Sem seu código de endereçamento postal e hoje nas redes sociais.

O Bairro de Ecatu, situado nas margens da Rodovia Euclides da Cunha ( km 489) e entre esta e os trilhos da antiga FEPASA, era antigamente chamado de “ Posto E ”. Mesmo com intensa pesquisa não conseguimos respostas para o significado da palavra. O local tem como fundador o senhor João Alves Monteiro e um dos cidadãos prestantes e participante da história local foi o senhor José Serafim da Silva que empresta nome à escola da comunidade. 

Ibiporanga é um bairro rural de Tanabi localizada a nordeste do Estado de São Paulo. Iniciamente, na década de 1930, era chamada de Varginha. Consta que a fundação se deu no dia 10 de março de 1934 e por iniciativa do senhor Marciano Maciel da Silva, um dos moradores mais antigos do local e nascido em Ribeirão Preto, filho de Felício Batista de Almeida e d. Emilia Eduarda da Conceição e doador do terreno da Igreja e praça bem como da escola. Tem-se como certo que a região da Cachoeira dos Felícios tenha este nome em razão da presença marcante da família “ Felicio” naquela área de Tanabi. Posteriormente o nome da localidade passou para Ibiporanga, proposto pelo historiador e cartorário tanabiense Sebastião Almeida Oliveira que significa ‘Água Bonita”. Por força da organização judiciária determinada pelo Decreto-lei Estadual número 14.334, 1.11.1944, a comarca de Tanabi passou a abranger a sede, Tanabi, Américo de Campos, Cosmorama e Ibiporanga, sendo este último criado na categoria de distrito pelo citado decreto-lei e que abrangia um território de 250 quilômetros quadrados de área. Atualmente Ibiporanga voltou a ser classificado apenas como bairro rural da sede Tanabi.

O bairro possui uma escola municipal denominada EM Marciano Maciel da Silva assim denominada por força da Lei 1.623, de 17 de dezembro de 1999, sendo sua primeira diretora a professora Ana Rita Pinheiro Paglione. A primeira escola teve seu prédio construído em terreno doado pelo senhor Luiz Peruca, um dos nomes sempre lembrados na comunidade ecatuense 

O bairro de Rincão tem essa denominação em homenagem a seu fundador o senhor Frederico Rincão, doador do terreno onde hoje está a capela e a escola. O local manteve até tempo recente uma escola estadual, que foi criada em 01 de junho de 1978 pela lei estadual número 1.677 e proposta pelo deputado estadual Wadih Helu, e sancionada e promulgada pelo então governador Dr Paulo Egydio Martins. A referida escola foi anexada à EM José Serafim da Silva e posteriormente à EM Teresa Magri do Carmo. 

Os bairros de Ecatu, Rincão e Ibiporanga estão representados na bandeira do município de Tanabi por mim criada e oficializada pela Lei Municipal nº 702, de 08 de agosto de 1978, na seguinte ordem Ecatu, Rincão e Ibiporanga.

Bandeira do Município de Tanabi  


Mapa antigo – 1895 – indicando a região de Tanabi 


quarta-feira, 25 de maio de 2016

HISTÓRICO DA REGIÃO DAS PEROBAS

Nossa história passo-a-passo. 

Este texto objetiva registrar atos e fatos relativos à fixação e posse de imigrantes e migrantes em terras do “ alto do Jatahy” onde foi criado o Arraial em 1882 e instalado, oficialmente, em 1925, nosso Município. O território abrangia terras entre os rios Tietê, São José dos Dourados, Paraná, Rio Grande, Turvo e Preto com cerca de 12.000 quilômetros quadrados. 

Por iniciativa de Honorato de Paula Ribeiro, foi aberto processo de regularização de terras da FAZENDA PEROBAS situado no distrito e freguesia de São José do Rio Preto, Comarca de Jaboticabal, processo esse presidido pelo juiz substituto da Comarca de Jaboticabal, Capitão Adolpho Vaz de Sampaio. O edital foi publicado no Diário Oficial do Estado em 21 de maio de 1902, página 1066 e a notificação do edital é datada de 11 de abril de 1902. O processo me foi apresentado pelo então juiz de Direito em São Paulo Dr. José Monteiro e algumas páginas de interesse histórico para Tanabi constam de meu livro ‘ De Conceição do Jatahy a Tanabi”, páginas 90 a 96.

A área começava na margem esquerda do Ribeirão Jatahy, divisa com terras da Fazenda Jatahy seguindo por este espigão até o Córrego das Perobas, divisa com a Fazenda Taquarussú, seguindo divisando com a Fazenda Bálsamo e descendo até o espigão do Ribeirão Jatahy até o ponto inicial do perímetro. Esta fazenda foi objeto do registro criado pela Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850 e regulamento nº 1318, de 30 de janeiro de 1850, pela senhora Felicidade Maria de Jesus, primeira possuidora da área a legitimar a posse, e que por morte desta e pela venda sucessiva de proprietários posteriores, foi necessária a ação devida para a regularização dos quinhões resultantes da divisão da propriedade inicial. Deu como valor da causa trinta e cinco contos de réis – 35:000$000.O advogado da causa foi o Dr. Antonio Pereira Terra e o curador foi o senhor Dr. César Augusto Salgado Guarita. 

Figuraram do processo: Promovente- Honorato de Paula Ribeiro e promovidos os senhores Manoel Francisco, Antonio Elias Castilho, João de Paula Ribeiro, Antonio João, José João, Reducino de tal, Moyses Ferreira da Cunha, Virgilio Ferreira, Antonio Ferreira, D.Maria de Jesus, Thomas Porto, José Luiz Ferreira, Vicente Pinheiro de Souza, Felicio Martins Fontes, José Alves Magalhães, João Barbosa do Amaral, Romualdo José da Costa, Francisco Luciano, Alexis Soares, José Joaquim, Gabriel Rodrigues, Daniel Moraes, Manoel Bento, José Pedro, Tobias Pedro, Francisco Florindo, Maximiano Antonio Jacinto, João Batista da Costa, José Antonio de Paula, Innocencia Garcia, Herculano Garcia, José Duarte, Joaquim Bahiano, Pedro do Amaral Campos(coronel), Ignacio Pereira Matheus, , Francisca Balbina, Teodoro de Souza Ribeiro, D.Maria Joaquina e outros, seguindo-se nomes de filhos e dependentes constantes do rol apresentado e juntado no processo. 

A expressão “de tal“ indica que a pessoa era de raça negra e como tal não tinha sobrenome. Cito os nomes dos condôminos para que eles passem a fazer parte do rol de moradores antigos de nosso município e aqui residentes no início do século XX. Na época o índio nativo não tinha direito a posse de terras ou domínio sobre elas. 

Esta é a região do “Alto do Jatahy” a noroeste do Estado de São Paulo onde todo um complexo processo de povoamento aconteceu a contar da segunda metade do século XIX com a presença de moradores ( posseiros ) vindos de várias regiões do país e do exterior, notadamente da Europa, que se apoderavam de terras constantes de imensa área pertencente ao Estado, as chamadas terras devolutas. A movimentação foi acelerada com a construção da Estrada do Taboado que partia de Jaboticabal indo até as barrancas do Rio Paraná no antigo Porto Presidente Vargas, o conhecido Porto do Taboado. A proposta era ligar o Porto de Santos aos estados de Minas Gerais e Mato Grosso ( hoje também do sul).


                               Mapa elaborado pelo engenheiro Olavo Humell, da comissão da
                               Estrada do Taboado – 1895 – indicando a região noroestes do
                               Estado de São Paulo, ainda desabitada, onde seriam instalados
                               inúmeros municípios, inclusive Tanabi.

HISTÓRICO DA REGIÃO DA CACHOEIRA (DOS FELÍCIOS)

Nossa história passo-a-passo

A região do “Alto do Jatahy” entre os rios Paraná, Grande, São José dos Dourados, Tietê, Preto e Turvo, formava, ainda no início do século XX uma extensa região desabitada. A vegetação era do tipo cerrado, cerradinho e cerradão registrando próximo à atual Rincão uma nesga da Mata Atlântica. Havia tribos de índios Guaranis na região do Jatai e nas imediações de onde hoje é Américo de Campos, parte de Cardoso e Pontes Gestal. Esta era a área definida quando da instalação do município de Tanabi, desmembrado de São José do Rio Preto em 1925 e media cerca de 12 mil quilômetros quadrados. 

Nas regiões norte e nordeste muitos imigrantes vindos da Europa, e em especial de Portugal, se instalaram nas terras hoje ocupadas pelos bairros rurais de Ibiporanga e Rincão, e na parte mais alta, divisando com Palestina a região do Córrego do Váu, palavra que significa vale com água rasa. A estrada do Taboado, proposta de Alfredo d’Escragnole Taunay, depois Visconde de Taunay já se aproximava da região nos anos de 1867. No alto da cabeceira da atual Bacia Hidrográfica da Cachoeira dos Felícios, onde hoje está encravado o bairro do Malhador, chegaram Francisco de Paula Oliveira e sua companheira, um índia caiapó e chamada Anna, vindos das terras de Minas Gerais e de lá fugidos em razão da Guerra do Paraguai que chegou até território brasileiro(Goiás) durando de 1864 a 1870. Grande parte dos imigrantes ali instalados pelo sistema de imigração nacional se reestabeleceu na região da hoje denominada Fortaleza e alguns se fixaram na região da Cachoeira, hoje Cachoeira dos Felícios. Ali Francisco de Paula Ribeiro instalou um bem montado alambique produzindo pinga e rapadura. O “Velho Chico”, como era chamado, assinou a ata de fundação de São José do Rio Preto, datada de19 março de 1852. Foi nomeado subdelegado da região do Jatahy não chegando a tomar posse em razão da idade avançada. O casal teve os filhos Joaquim Francisco de Oliveira, o Joaquim Chico e Manoel Francisco de Oliveira, patriarca da família Paula e sogro de Flávio Soares de Paula. 

Por ação de vários posseiros da região, instalou-se o processo judicial de número 297, na Comarca de Rio Preto, tendo como provido o senhor Belarmino de Paula Ribeiro e como promoventes José Pereira da Silva e outros O processo visava regularizar a posse das terras e foi datado de 1902. Os autos correram regularmente e foi julgado concluso em 22 de agosto de 1911 por sentença do juiz de Direito Dr. Lafayete Salles, constante, esta sentença, na página 522 do referido processo. O processo foi conseguido e a mim apresentado pelo Dr. José Monteiro, na época juiz de Direito em São Paulo. A publicação se deu no Diário Oficial do Estado, páginas 1066 e 1067, uma quarta-feira do dia 21 de maio de 1902.

Neste processo figuraram 60(sessenta) beneficiados com suas esposas e respectivos filhos e dependentes. Os senhores Joaquim Francisco de Oliveira, o Joaquim Chico, recebeu o quinhão 49 e Manoel Francisco de Oliveira, seu irmão, consta da relação com o número 23. Na relação que se segue apresento alguns dos beneficiários de forma a se conhecer alguns nomes que povoaram aquela região de Tanabi no início do século XX: José Pereira da Silva, Porfhirio da Rosa, Honorato de Paula, José Antonio da Silveira, D. Balbina Francisca de Castro, Joaquim Vasconcelos dos Santos, Basílio Ferreira, Joaquina Francelina de Castro, Bellarmino de Paula Ribeiro, Daniel da Cunha Moraes e outros. O local era denominado “ Fazenda Cachoeira” da freguesia de São José do Rio Preto, termo que significa na prática ‘distrito’. O termo de outorga dos condôminos foi datado de 17 de abril de 1902 e o escrivão era o senhor Godofredo Espíndola. A denominação complementar “dos Felícios” deve ser em razão de algum quinhão ter pertencido posteriormente a proprietário com este nome ou sobrenome. Questão em aberto. Todos os documentos relativos a esta regularização estão inseridos em meu livro “ De Conceição do Jatahy a Tanabi”, páginas 85 a 95 e fazem parte do processo geral depositado no Fórum de S.J.R.Preto ou outro lugar definido pela diretoria daquele estabelecimento.


                              Mapa da região do Alto do Jatahy, elaborado por Olavo Humell 
                              (Estrada do Taboado) em 1895. Tanabi fica na região noroeste. 
                              No mapa podemos ver aproximadamente onde se localiza a região
                              de Tanabi, que no ano de 1925 media 12.000 quilômetros quadrados


COLUNA MEMÓRIA MUNICIPAL 14/2016

Neste trabalho me propus a resgatar a história da região da Fortaleza, Município de Tanabi e o mesmo é resultado de pesquisa por mim feita e segundo oitiva direta de diversos moradores antigos da região da Fortaleza. Consultei vários moradores e sempre ouvi a mesma justificativa para o nome da região, cujo resultado abaixo transcrevo e registro. 

HISTÓRICO DA REGIÃO DA FORTALEZA:

Existe em Tanabi uma região bastante grande denominada FORTALEZA. Muitos perguntam a razão do nome e nos propusemos a esclarecer o fato e o presente artigo busca responder esta questão que foi alvo de profunda pesquisa feita por mim tendo como base inúmeras oitivas de moradores antigos da região e documentos existentes em nossa historiografia regional. 

A região da “Fortaleza” se estende da divisa de Tanabi com Cosmorama, região noroeste, sendo parte com o córrego Ribeirão Bonito ultrapassando em direção ao bairro da Rincão a Rodovia Euclides da Cunha por alguns quilômetros, tendo a sudoeste Monte Aprazível, a oeste Sebastianópolis do Sul ( rio São José dos Dourados) formando grande área denominada Bacia Hidrográfica da Fortaleza, uma das maiores do município e região noroeste do Estado de São Paulo. A região tem grande rede de riachos, lagoas, nascentes e uma delas é a nascente do Rio Jatai que atravessa Tanabi indo desaguar no rio Preto. 

A região do alto do Jatahy ( noroeste do Estado de São Paulo) era desabitada por volta de 1850/60, tendo apenas alguns raros posseiros, com a presença de índios da tribo dos Guaranis. Ver mapa anexo. A estrada do Taboado que partia de Jaboticabal, planejada por Olavo Humell em 1895 já se aproximava da região de Tanabi nessa época. Lembro que São Paulo faz divisa com Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, onde os rios Paraná e Rio Grande divisam nosso estado com os dois citados. A referida estrada objetivava ligar São Paulo a Mato Grosso e Minas Gerais e seu ponto de contato com estes estados foi o Porto do Taboado. 

Os imigrantes portugueses eram alocados pelo sistema de imigração nacional na região de Minas, e raros em Mato Grosso ( hoje também do sul) e isto em razão do clima e da vegetação semelhante a Portugal e parte da Europa. Foram muitos os imigrantes ali instalados. A região noroeste do Estado de São Paulo ( alto do Jatahy) era totalmente desabitada e suas terras devolutas do Estado. 

Com a Guerra do Paraguai, envolvendo Brasil, Argentina e Paraguai, deflagrada em dezembro de 1864 e indo até março de 1870, as tropas uruguaias comandadas por Francisco Solano Lopes, chegaram a invadir a então província de Mato Grosso. Com esta invasão os imigrantes alocados na região e em Minas Gerais transpuseram o rio Paraná e Grande invadindo a região paulista e se fixando na região noroeste do Estado de São Paulo e, em nosso caso, na região do “ Alto do Jatahy”, que abrangia de Bálsamo até as barrancas dos rios Paraná e rio Grande. Nesta região se fixaram inúmeras famílias já nos anos 1850/1880, dentre elas os Gonçalves de Souza, os Silveiras, os Ferreira Lemos, os Soares da Costa, os Paula, os Botelhos de Vasconcelos, os Ferreira Neto, os Seixas Ribeiro, os Bento Peres, os Bataglia, os Àvilas, os Euzébio, os Garcia, os Carvalhos, os Monteiros, os Funchal, os Celeres, os Barbosa do Amaral e muitos outros. Na região da Cachoeira dos Felícios, já do lado oposto da bacia da Fortaleza e também aposseada pelos imigrantes portugueses, se fixou Francisco de Paula Oliveira com sua companheira a índia caiapó Anna, que vieram a ser os progenitores do fundador de Tanabi Joaquim Francisco de Oliveira, o “Joaquim Chico”, instalando ali bem montado engenho de cana. 

Por analogia, os posseiros das terras do “ Alto do Jatahy”, entre o São José dos Dourados, próximos do Tietê e o próprio rio Jatai passaram a chamar a área de “Fortaleza “ em alusão à resistência que os mesmos poderiam oferecer caso Solano Lopes chegasse a invadir São Paulo. Há também corrente que entende a denominação da região pela existência de rio caudaloso denominado “Córrego da Fortaleza” cujo nome se derivou também da proposta de defesa do território pelos imigrantes e em razão da força de suas águas impeditivas do possível avanço dos inimigos. Sebastião Almeida Oliveira chamou esta extensa área de ‘jungle’, qual seja, “Jangal do Oeste Paulista”, ou seja, extensa floresta, mata virgem, cerradão. 

Com a chegada de outros imigrantes vindos de outras regiões do Brasil e até do exterior, colocando em risco a posse das terras antes devolutas do Estado, aconteceu organização do Arraial do Jatahy, já em 1882, culminando com a criação do embrião que viria a ser Tanabi. As “terras do jatahy” só começaram a ser registradas a partir de 1900 em razão da instalação de cartório no município-sede que era São José do Rio Preto, fundado em 1852, desmembrado de São Bento do Araraquara a quem Tanabi se ligava na qualidade de distrito cuja independência, como município, só aconteceu em 1925. O cartório de Tanabi foi instalado em 1943 pelo senhor Dr.Urbano Ganot Chateaubriand.


Mapa da região do Alto do Jatahy, elaborado por Olavo Humell
(Estrada do Taboado) em 1895. Tanabi fica na região noroeste.