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"A história leva séculos para acontecer e tudo cabe, depois, nas páginas de algum livro. Se não for escrita, jamais será uma história, nem terá valido a pena ter acontecido" Antonio Caprio

RESUMO DA HISTÓRIA DE TANABI

Segue breve resumo da história de Tanabi conforme a obra "De Conceição do Jathaí a Tanabi", Autor Antonio Caprio, THS Editora (Lelé Arantes), SJRPreto/SP, 2009.


CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES:


Objeto deste livro: análise de três teses: 
1- Joaquim Chico teria existido, quem era e comprovações de sua existência. 
2- Genealogia do fundador e descendência. 
3- Comprovação da data da fundação.
Relacionamentos geográficos e históricos: 
1- Estrada do Taboado: Histórico geral, com relacionamento com outros projetos. Projeto Hummel, de 1985 – Jaboticabal até Tabuado. Província de São Paulo. Projeto Monlevade – Desviando-se na altura de São José do Rio preto e seguindo pelo sistema pluvial via Tietê até Itapura e Rio Paraná. Projeto Pimenta Bueno – 1816 – Ligação de Cuiabá com São Paulo – Província de Mato Grosso. 
2- Salto de Itapura – ponto de resistência no ano de 1853, via Rio Tietê. Defesa estratégica do governo para o domínio da região noroeste do Estado de São Paulo – Vale do Jatahy. O Forte de Itapura foi construído para proteger o Brasil do avanço das tropas de Solano Lopes em razão da Guerra do Paraguai. Com este ponto de resistência pretendia-se evitar e entrada dos paraguaios pelo Tietê, vindos pelo Rio Paraná. O prédio está em péssimo estado de conservação, mas ainda de pé, a 680 km de São Paulo e próximo da cidade de Itapura. Caiapós – presença registrada na margem direita do Rio Paraná, região de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Tribos hostis e violentas contra os bandeirantes e aventureiros.
3- Revolução de 1932 – Estrada do Tabuado é o ponto de sustentação da defesa paulista.
4- Tradições preservadas: 1- Ano 2000 - Comitiva Boi Soberano, de Tanabi, que objetiva preservar as tradições no tocante às tropas de mulas que serviam aos tropeiros e aventureiros no desbravamento e no comércio em nossa região e suas relações com outros estados. Criação e comando do doutor Aguinaldo José de Góes. 2- Ano 2001 - Renascer da Boiadeira – movimento criado entre vários municípios da região noroeste de São Paulo para a preservação da Estrada Boiadeira (do Taboado).


INTRODUÇÃO


1- Comprovação da existência de Joaquim Francisco de Oliveira – Joaquim Chico.
2- Descrição da descendência do fundador. Comprovações jurídicas.
3- Fundamentação jurídica dos fatos históricos.
Genealogia do Fundador: Constatação da chegada e instalação do português Francisco de Paula Oliveira, vindo de Minas Gerais e instalando-se no alto da Cachoeira dos Felícios, antigo Jataí-de-Cima. Comprovação documental da existência de esposa da tribo dos caiapós, que trouxe das regiões mineiras. Comprovação documental da existência dos filhos Joaquim Francisco de Oliveira (Joaquim Chico) e Manoel Francisco de Oliveira (Manoel Chico).
O Fio da Meada: Conforme apontamentos verbais da escritora Dinorath do Valle, Francisco de Paula Oliveira, representante da região do Jatahy na fundação de Rio Preto em 1854, seria o pai de Joaquim Chico. Foi ele, também, subdelegado do distrito, cargo que não tomou posse.
O manto erguido sobre nossa história: Pesquisa direta em livros e documentos relacionados à
Tanabi revela a história real de 1882 a 1925, de 1925 a 1948 e de 1948 a 2006. A plataforma de nossa história: a Estrada do Taboado: Implicações da estrada do Taboado na evolução político-administrativa de Tanabi. Os fatos colaterais de nossa história. Os domínios do Tietê, do Paraná e do Rio Grande. O Vale do Jatahy. Documentos comprobatórios sobre os fatos históricos.

NOSSAS ORIGENS



Provas materiais e processuais da existência do senhor Joaquim Francisco de Oliveira, fundador de Tanabi:
* Os documentos a seguir se relacionam à divisão de fazenda antiga, no ano de 1902, que pertencia ao senhor Joaquim Alves da Costa. O ‘proprietário’ só tinha a posse de fato e não de direito em terras devolutas do Estado.
* O processo registrou como PROMOVENTE o senhor Bellarmino de Paula Ribeiro e como
PROMOVIDOS mais 72 pessoas.
* Número de processo é 297 e foi aberto no Cartório do Primeiro Ofício de Rio Preto, tramitando por Jaboticabal e autuado em 24 de janeiro de 1902. O despacho é de 10 de abril de 1902.
* A base legal foi a Lei número 601, de 18 de setembro de 1850 e o Regulamento foi o de número 1.318 de 30 de fevereiro de 1854. O valor da causa foi de setenta contos de réis.
* Na relação dos condôminos aparece o senhor Manoel Francisco de Oliveira como o número 33. Este cidadão é irmão de Joaquim Francisco de Oliveira que aparece com o número 64.
* Na página 477 do processo aparece a destinação do quinhão 49 ao senhor Joaquim Francisco de Oliveira, o Joaquim Chico, fundador de Tanabi. Era assim chamado porque seu pai era Francisco de Paula Oliveira, o velho Chico.
* O processo foi encerrado em 22 de agosto de 1911 pelo juiz Doutor Lafayette Salles. O agrimensor do processo foi o senhor José Serantoni, que elaborou todo o procedimento em papel especial e tinha nanquim.
* Os atos relativos ao citado processo foram publicados na página 1.067 do diário oficial de 21 de maio de 1902.
* O processo completo foi conseguido junto do Tribunal de Justiça de São Paulo, onde foi arquivado. Foi posteriormente transferido para o Fórum de S.J.R.Preto.


A formação do solo Brasileiro. A formação do solo regional. A formação do solo de Tanabi.
A origem dos rios Jataí e Bacuri. Gênese. 
O sistema de tratamento de esgotos de Tanabi. Histórico.
Região do Jatahy no início do século XIX: entre os rios Paraná, Rio Grande, Turvo, Preto, São José dos Dourados e Vale do Taquarussu. Era uma mata fechada. O último ponto colonizado era Jaboticabal.
Estrada do Taboado: proposta de construção de uma estrada ligando Jaboticabal ao Taboado – Rio Paraná, divisa com Mato Grosso. Proposta pelo Governo Federal no início do século XIX. Engenheiro responsável: Olavo Hummel (1895). Participação de Ugolino Ugolini, engenheiro que foi vereador em Rio Preto e quem elaborou a primeira planta de Tanabi em 1913.
Havia outra estrada pretendida por Paes Leme Monlevade em 1902, que defletia na região de Rio Preto e partia pelo Tietê, ao sul, no Salto do Avanhadava, até Itapura. Pelo lado do Mato Grosso e do Triângulo Mineiro alcançavam o Taboado. Ambos os roteiros eram cheios de perigos, mortes pela malária e outras doenças e muita dificuldades. O desafio, porém, era o grande incentivo.
Segunda metade do século XIX: região do Jatahy já registrava inúmeros posseiros em terras
devolutas do Estado, vindos de toda a região, a maioria estrangeiros e descendentes.
Francisco de Paula Oliveira – posseiro de terras na região da Cachoeira dos Felícios – alto do
Jataí-de-cima, português vindo de Minas Gerais e que tinha como companheira uma índia da tribo dos caiapós. Com ela teve dois filhos – Joaquim Francisco de Oliveira e Manoel Francisco de Oliveira. Participou da fundação do Distrito de Paz de Rio preto em 1854. Foi nomeado subdelegado da região do Jatahy. Não tomou posse no cargo. Foi um dos mais antigos posseiros na região da Cachoeira dos Felícios.
Joaquim Francisco de Oliveira – alcunhado de Joaquim Chico – foi o fundador do arraial do Jatahy em 4 de julho de 1882. Registra descendentes em Tanabi. Não era um índio e sim filho de português com uma indígena caiapó, portanto, um mameluco. Foi o homem que agiu no processo da criação do arraial.
Pelos estudos heráldicos é fundador quem age e não quem chega primeiro na região. Morreu com aproximadamente quarenta e nove anos de idade. Foi casado com Maria Antonia da Silva, segundo os descendentes direitos ou Francisca Ignácia de Oliveira, segundo os descendentes de Manoel Francisco de Oliveira, com quem teve os filhos Maria, Rosalina, Ana, Pedro e João.
Polinice Celeri – nascido na Itália e radicado no Brasil na região do Avanhandava. Foi o grande gestor da fundação do arraial. Casou-se em 04 de julho de 1882 com Ana Delmira de Jesus.
Manoel Francisco de Oliveira – Manoel Chico – irmão de Joaquim Chico. Registra descendentes vivos em Tanabi. Faleceu em 15 de setembro de 1916 aos 78 anos
Livro básico da História: Subsídios para a História de Tanabi publicado pelo senhor Sebastião
Almeida Oliveira em 1977. Coletou dados pela tradição oral, em pesquisa auricular, a pedido do então prefeito municipal Prof. Venizelos Papacosta que deveria atender a solicitação do Cerimonial do Palácio do Governo Paulista. Destes dados auferiu que Joaquim Chico era um “... bugre manso” vindo da região do Viradouro (alto da região de Votuporanga) e que foi o primeiro habitante do arraial.
Complementação: após mais de dez anos de pesquisa direta e fundamentada em documentos, ficou comprovada a genealogia do fundador, senhor Joaquim Francisco de Oliveira, o Joaquim Chico, filho de Francisco de Paula Oliveira e uma índia caiapó de nome Anna.
Era nosso fundador, portanto, um mameluco e não um bugre manso. Estudos profundos indicaram os familiares do fundador que hoje residem em Tanabi, bem como de seu irmão, Manoel Francisco de Oliveira, o Manoel Chico.
A face do fundador: narrativa da forma pela qual foi desenhado e esculpido o possível rosto de
Joaquim Francisco de Oliveira, nosso fundador.
A descendência do fundador: Nossa linha de pesquisa, iniciada pelo casal Francisco de Paula
Oliveira e Ana, alcançam em suas tataranetas cinco gerações em Tanabi
O casal Joaquim Chico e d. Maria Antonia da Silva (ou Francisca Ignácia de Oliveira) teve os seguintes filhos:
João: que teve os filhos Sebastião, Divino, Tereza, Orestes, Aparecida e Maria.
Pedro: que teve os filhos Maria, Lazara, Lourdes, Gerônima, Aparecida, Adelice, Jesus, Pedro,
Cícero, José e Joaquim.
Maria: que teve os filhos Conceição, João, Alimirio, Onofra e Maria.
Rosalina: que teve os filhos Maria Sebastiana, Nelson, Joaquim Amado e João.
Ana: que teve os filhos: Luiza, José, João, Jorge, Maria, Divina, Conceição, Lourenço, Cesário,
Pedro e Antonio.
Em Tanabi encontramos duas netas de Joaquim Chico e esposa que são as senhoras Maria
Sebastiana dos Santos Ferreira e Luiza Feliciano do Prado Anselmo, duas fortes e firmes fontes de informações que subsidiaram este trabalho histórico sobre nosso fundador.


A senhora Maria Sebastiana tem os seguintes filhos e netos: Lázaro e as filhas Andréia e Larissa; Donizete e os filhos Arle, Alisson, Camila e Renata e Altamir que tem as filhas Francini e Lorani.
A senhora Luiza tem as filhas Maria Helena e os filhos Juliana e Bruno; Maria Aparecida e os
filhos Everton, Juliano e Priscila; Maria Rosangela que tem o filho Victor e Maria de Lourdes que tem os filhos Marcos e Natália.
Estes registros trazem um quadro completo da geração da Família Chico, desde o senhor Francisco de Paula Oliveira e sua companheira caiapó Ana até a atualidade, abrangendo cinco gerações.

A FUNDAÇÃO


Fundação: 04 de julho d 1882 – Era 9:00 horas - Terça-Feira.
Fundador: Joaquim Francisco de Oliveira – Joaquim Chico.
Local: atual terminal rodoviário/Justiça do Trabalho.
Co-fundadores: Polinice Celeri, o alferes, conforme título concedido pela Guarda Nacional Imperial, Agostinho Pereira, Manuel Francisco da Silva, João Barboza do Amaral, Hilário de Souza Rozendo, Joaquim Euzébio, Leonildo Bataglia, Bento Peres, o carpinteiro e outros.
Brasil: Reinava Dom Pedro I e a Constituição do Brasil foi jurada em 25 de março de 1854.
Padres: missionários vindos do Seminário Nossa Senhora Mãe dos Homens, atual Campina Verde, Minas Gerais. Rezada a primeira missa, efetuados casamento de Polinice Celeri com Ana Delmira de Jesus, batizados, crismas e outros.
Denominação oficial da capela: Conceição do Jatahy, em 22 de maio de 1897.
A capela foi construída com taipa e coberta de sapé. Era virada com frente para o nascer do Sol (leste). Foi substituída por outra em alvenaria em 1891 e novamente substituída em 1932 ou 1933.
Polinice Celeri foi nomeado como seu zelador pelo Bispo Dom Antonio Cândido de Alvarenga, por ordem do Papa Leão XIII em 20 de janeiro de 1902.
Em 20 de dezembro de 1922 foi criada a Paróquia Nossa Senhora da Conceição pelo Arcebispo de São Carlos do Pinhal, Dom José Homem de Melo e o primeiro padre da nova paróquia foi Agostinho dos Santos Pereira.
Patrimônio: Nossa Senhora da Conceição, por doação de Francisco de Souza Lopes, Joaquim José de Souza Lopes, Manoel D. Souza, Maria Francisca de Souza Lopes, Francisco José Ferreira, João Nunes Villella, Antonio E.Ferreira Leme e Polinice Celeri em 21 de maio de 1887.Além desta doação, José Theodoro Ferreira Lemos e sua mulher Cândida Maria de Jesus fizeram outras doações à Paróquia, conforme certidão de 08 de março de 1907.


FATOS CONSEQUENTES À FUNDAÇÃO


Arraial – expressão usada por militares. O local era destinado ao acampamento de guerreiros que protegiam o rei e os figurantes da corte constituam o arraial. O mesmo que moradia dos defensores do rei.
Vila – a sede do distrito de paz.
Sub-Delegado de Polícia : O Alferes Polinice Celeri foi nomeado Subdelegado de Polícia de Jatahy em 08 de outubro de 1901.
Capella do Jatahy – teve como responsável o senhor Polinice Celeri em 20 de janeiro de 1902. Este era o nome pelo qual Tanabi era conhecida regionalmente e pelas autoridades do Estado.
Patrimônio da Igreja : Segundo o Livro de Atas nº 1, referente aos anos 1894 a 1897, da Câmara Municipal de Rio Preto, relatório do Engenheiro Ugolino Ugolini, dá conta de que foram doadores do patrimônio a Nossa Senhora da Conceição do Jatahy, os senhores Francisco de Souza Lopes, Joaquim José de Souza Lopes, Manoel Correa de Souza, Maria Francisca de Souza Lopes, Francisco José Ferreira, João Nunes Villella, Antonio Teodoro Ferreira Leme e Polinice Celeri.
Histórico sobre as praças Nossa Senhora da Conceição e (da Bandeira) João de Melo Macedo.
Governo Federal – Estrada do Taboado: o Governo Central pretendia fazer construir estrada que ligasse Jaboticabal, ponto extremo civilizado em 1895 ao Rio Paraná – Porto do Taboado. O engenheiro Olavo Hummel e depois Ugolino Ugolini assumiram o projeto.
O engenheiro Paes Leme Monlevade, criando novo trajeto, desviou-se na altura de Rio Preto, ao sul, seguindo pelo Tietê até o Salto de Itapura, alcançando o Taboado.
Ponte Rodoferroviária: Sobre o Rio Paraná – antigamente transposto por sistema de balsas.
A ponte tem 3,7 quilômetros de extensão e foi construída por sistema de consórcio entre o Governo Federal e os estados de São Paulo, Goiás e Mato Grosso. Tem pista rodoviária e leito rodoferroviário. Hoje se equaciona sistema de manutenção entre o Governo Federal e os estados envolvidos, cujos custos são altíssimos.
Distrito Policial: instalado em 12 de julho de 1902. Já em 1889 o Jatahy tinha como inspetor de
quarteirão o senhor Delmiro Correa.
Foi empossado como Subdelegado de Polícia o senhor João Baptista de Lima em sua própria casa às 10h00min horas. O escrivão foi o cidadão Daniel da Cunha Moraes. O território do novo Distrito Policial tinha 12.000 quilômetros quadrados e doze praças.
Delegacia de carreira: A delegacia de carreira foi instituída no ano de 1927 e o primeiro Delegado nomeado foi o Doutor Durval de Góis Monteiro. O escrivão era o senhor Olinto Rodrigues Penteado e o carcereiro o senhor Antonio Modesto de Carvalho.
Distrito de Paz: Distrito de Paz de Tanabi foi criado em 01 de agosto de 1906 pela Lei Estadual nº992, que foi publicada no Diário Oficial do Estado em 08 de agosto de 1906 – quarta-feira.
A lei foi assinada pelo Presidente do Estado de São Paulo Doutor Jorge Tibiriçá. O Distrito de Paz foi instalado em 09 de janeiro de 1907 e o primeiro a ser desmembrado de Rio Preto. Os juízes de paz foram os senhores José Alves Magalhães, Polinice Celeri e Bernardino Mendes de Seixas. O escrivão foi o senhor Nicoláu Lerro que exerceu o cargo até 06 de novembro de 1910.
O nome Tanabi : A denominação Tanaby, com “y” no final até 1940, foi proposta pelo então vereador e depois prefeito de Rio Preto, Coronel Adolpho Guimarães Correa e aprovada pela lei de 02 de agosto de 1906.
Significado do nome Tanabi: Os indígenas chamavam às borboletas de orelhas voadoras, ou “opanambi" ou "panambi”. A borboleta é um inseto presente em grande quantidade nas margens do Rio Jataí e Córrego do Bacuri (antigos Jataí-de-baixo e Jatai-de-cima). O ta, segundo Sebastião Almeida Oliveira, refere-se às penugens das mariposas ou borboletas. A expressão tanabi ou tanaby refere-se, em português, aguada, rio, água, daí a expressão “Terra das Borboletas”.
Portanto, Tanabi significa, num linguajar aberto e livre, onde habitam as borboletas, terra das
borboletas, expressão que se eterniza em nosso Brasão de Armas: Semper fluit flumen papilionum – sempre corre (ou correrá) o rio das borboletas.
Elevação a Município : Lei 2009, de 15 de fevereiro de 1925. Instalação em 13 de março de 1925.
São diplomados os cinco vereadores em 03 de março de 1925. Mandato até 15 de janeiro de 2006.
Primeiros vereadores: Augusto Manoel Elias Abufares, José Flávio de Moraes Sobrinho, Manoel Pereira Leal, Militão Alves Monteiro e Veríssimo Ferreira Julio. Suplentes: José Alves Brigídio e Oscar Rufino.
Primeiro Presidente da Câmara: Veríssimo Ferreira Julio
Primeiro Prefeito Municipal: Militão Alves Monteiro.
Primeiro Código Tributário: 01 de outubro de 1925.
Orçamento para o ano de 1926: Setenta e cinco mil contos de réis. (75000$000)
Primeiro empréstimo feito pelo Município: 20 de março de 1925 – Quatrocentos mil contos de réis (400.000$000) para construção do Paço Municipal, praças públicas e vias públicas.
Segundo empréstimo feito pelo Município: 13 de março de 1925- Setenta e cinco mil contos de réis - (75000$000). Usado no pagamento feito a Rio Preto pela concessão do Município (uma verdadeira cobrança pela carta de alforria).
Quadro geral dos estabelecimentos e das profissões principais existentes em 1927.


O INÍCIO DE UMA TRAMA: COISAS A POLÍTICA LOCAL




Renúncia 1 - Marcilio Cesário Magalhães renuncia ao cargo de vereador em 12 de maio de 1927.
É eleito o Doutor José Barbosa Lima como vereador em 05 de agosto de 1927, em ato fora de época.
Renúncia 2 - Militão Alves Monteiro renuncia ao cargo de Prefeito e se licencia do cargo de vereador.
Nova eleição: Diante da renúncia do prefeito é feita nova eleição, esquecendo-se do vice-prefeito. É eleito e empossado o Doutor José Barbosa Lima como Prefeito.
Tratamento de Saúde : O Coronel Militão, portador de Hansem (lepra) viaja para São Paulo. É
tratado por Adhemar Pereira de Barros. Em agradecimento Militão Alves Monteiro elege o seu médico como deputado estadual. É o início da carreira do futuro governador Adhemar Pereira de Barros.
Militão reassume: Em 28 de outubro de 1927 Militão Alves Monteiro reassume o cargo de vereador.
É reeleito o Doutor José Barbosa Lima para o ano de 1928.
Denúncias: contra Barbosa Lima faz com que o Coronel Militão se volte contra seu protegido, que fica mais de quinze dias fora da cidade sob ameaça. Assume o suplente de vereador José Alves Brigídio.
Abandono de cargo: O Doutor José Barbosa Lima é cassado por abandono de cargo em 05 de novembro de 1928.
Nova eleição: Em 07 de novembro de 1928 Militão Alves Monteiro é reeleito para o cargo de Prefeito.
O poder político volta para as mãos do PRP comandado pelo velho Coronel.
Em razão destas manobras é que o senhor Militão Alves Monteiro registra dois períodos como
Prefeito Municipal, quais sejam: 1 – 13/03/25 a 10/08/27 e 2- 07/11/28 a 14/01/29.
Síntese da situação geral de Tanabi em 1928. Relação dos principais estabelecimentos e profissões.
Nosso Cemitério – pequeno histórico.

O SISTEMA ELEITORAL DE1925 A 1932


Sistema eleitoral – 1925 a 1932 – Parlamentarismo.
Impugnação de vereador eleito: Dr. José Barbosa Lima tem sua eleição impugnada em favor de Jerônymo Fortunato Pereira.
Novo Capitão 1 – Daniel da Cunha Moraes – 1929
Novo Capitão 2 – Jerônymo Fortunato Pereira – 1929
Código de Trânsito – instituído em 18 de maio de 1929.
Renúncia: O vereador Francisco Laurito renuncia ao cargo para assumir função de juiz de paz em Villa Monteiro, atual Álvares Florence.
Fraude eleitoral : comprovada na eleição do Capitão Laudelino de Brito pelo candidato José Baptista Diniz – 1929. Em 25 de fevereiro de 1930 é reconduzido ao cargo pelo Tribunal de Justiça.
Energia Elétrica: chega a Tanabi em 15 de setembro de 1926. Atendia cerca de 50 casas. Era
produzida por gerador.
Código de Posturas: Instituído em 25 de junho de 1930 para regulamentar as construções urbanas.

TANABY PÓS 1930


Linchamento: ocorrido em 24 de março de 1927. Criminoso fugido de São João das Duas Pontes é preso em Tanabi e linchado com mais de 100 tiros. Isto atrasa a chegada de nossa comarca.
Estrada de Ferro Araraquarense – EFA – Tinha dois trajetos previstos, sendo um que passava
pelas margens dos Rio São José dos Dourados e Tietê até o Rio Paraná; o outro, chamado de Pimenta da Veiga, passaria pela Vila Thomaz, em Tanabi, indo até o Rio Paraná.
Por questões políticas, prevaleceu o primeiro com grandes prejuízos para Tanabi. Foi escolhido o trecho São José dos Dourados/Tietê/Paraná passando entre as cidades de Tanabi e Monte Aprazível, na estação Engenheiro Balduino.
Renúncia de Prefeito: Em 04 de setembro de 1939 renuncia ao cargo de prefeito o senhor
Francisco Alves Monteiro. Foi uma renúncia acertada visto que o mesmo não havia recebido uma comissão governamental para tratar do assunto “Ferrovia”. Em razão da negligência, o governo demitiu o então prefeito.
Novo Prefeito assume: assume o cargo o senhor Vergnaud Mendes Caetano em 05 de setembro de 1939 e governando até 01 de julho de 1941.
Festa social em 1930 – Objetivava angariar fundos para pagamento da Dívida Nacional.
Festa social em 1931 – Evento comemorativo ao Dia da Revolução Getulista.
Administração João Gualberto de Oliveira Portugal: Este prefeito atuou de 07.11.30 a 26.01.32
e sobre este período não existem registros. O segundo mandato foi de 20.04.34 a 18.04.38, e sobre este período existem vários registros, inclusive um relatório publicado em 1936 dando conta da real situação de Tanabi.
Atos da Administração João de Melo Macedo: criação de recursos para construção do Ginásio Estadual de Tanabi – 1944. Fragmentos de seu discurso de posse como Prefeito Municipal.
Quadros de Dados censitários: Quadros onde são registradas as extensões das propriedades e um quadro de proprietários, com ênfase à nacionalidade de cada um deles.
Clubes que se destacaram no campo social: Grêmio Literário e Recreativo, Sociedade Recreativa Cruzeiro do Sul, Tanabi Cestobol Clube-TCC, Tanabi Esporte Clube-TEC, Clube dos Tangarás e Clube da Terceira Idade.
Grandes vitórias: Cidade contra Cidade e Challenge Day.

A CONQUISTA DE NOSSA COMARCA


Elevação a Município: Lei 2.009, de 23 de dezembro de 1924 e instalação em 13 de março de
1925.
Elevação a Comarca: Lei qüinqüenal nº 14.334, de 30 de novembro de 1944. Instalação em 13 de junho de 1945.
Primeiro Juiz de Direito: Doutor Gentil do Carmo Pinto
Primeiro Promotor Público (hoje de Justiça): Doutor Walter Simardi
Municípios agregados à comarca: Cardoso, Américo de Campos, Pontes Gestal e Cosmorama.
Atualmente apenas Américo de Campos e Cosmorama.
Quadro geral de Prefeitos – 1925 a 1947.
Cidades da região: pequeno histórico sobre os municípios integrados à região administrativa de Tanabi com base na Secretaria Estadual da Agricultura, com fundamentos no livro A Origem dos Nomes dos Municípios Paulistas, publicado pelo CEPAM, em 2003.


E A HISTÓRIA CONTINUA


Administrações Municipais – Poder Executivo – 1948 a 2008
Relação de todos os prefeitos eleitos pelo voto direto:
01- Ary Terra Sóssio – 1949/1951
02- Emilio Arroyo Hernandes – 1952/1955
03- José Siriani I – 1955/1958
04-Venizelos Papacosta I – 1960/1963
05-José Siriani II – 1964/1969
06-Pedro Ovídio – 1969/1971
07-Venizelos Papacosta II – 1971/1973
08-Milton Cury Miziara – 1973/1977
09-Alberto Víctolo – 1977/1983
10-Waldir de Carvalho – 1983/1989
11-Alberto Víctolo II – 1989/1992
12-Norair Cassiano da Silveira I – 1993/1996
13-Alberto Víctolo III – 1997/2000
14-Norair Cassiano da Silveira II – 2001/2004
15-José Francisco de Matos Neto – 2005/2008
16- José Francisco de Matos Neto II – 2009/2012
Câmara Municipal – constituição: de 1925 a 2009
Quadro Geral de Prefeitos – 1925 a 2009 – neste quadro estão relacionados todos os prefeitos e respectivos tempos de exercício por bloco e em ordem cronológica de mandatos. Houve períodos que a posse se dava em 01 de fevereiro do ano seguinte à eleição. Houve períodos que a posse aconteceu no dia 01 de janeiro no ano seguinte à eleição.
Quadro Geral de todos os vereadores de 1925 a 2009. Eeitos para 2008/2012
Tempo de exercício de prefeitos – 1925 a 1948 – em dia, mês e ano- tempo corrido.
Tempo de exercício de prefeitos – 1949 a 2006 –em dia, mês e ano- tempo corrido.
Tempo de exercício dos vice-prefeitos – em dia, mês e ano. Tempo corrido.
Orçamento Geral do Município – de 1949 a 2008
Tabelas de população – urbana e rural – evolução. Migrantes canavieiros.
Carta aberta à população tanabiense – perseguições políticas.Registro.


NOSSOS SÍMBOLOS


Símbolos Municipais: O Município de Tanabi tem todos os símbolos definidos pela legislação em vigor, quais sejam: Brasão de Armas, Hino e Bandeira.
Brasão de Armas: Oficializado pela Lei Municipal nº 175/1954. Deve ser usado em todos os
documentos oficiais do Município.
Criação: João de Melo Macedo e desenho de Antonio Nascimento Portela.
Hino Municipal: criado pelos senhores João de Melo Macedo (letra) e música do professor Silvio Bertoz. Foi oficializada pela Lei Municipal nº 702, de 08 de agosto de 1978. Deve ser cantado em todas as cerimônias no âmbito municipal.
Bandeira: Selecionada em escolha pública por comissão especialmente nomeada pelo Prefeito Municipal, composta de educadores e pessoas gradas da cidade.
Foi escolhida dentre mais de vinte propostas apresentadas e a vencedora foi a do Professor Antonio Caprio. Oficializada pela Lei Municipal nº702, de 08 de agosto de 2978. Deve ser usada em todas as repartições municipais e salas de aulas do Município. E de uso obrigatório em todas as cerimônias em âmbito municipal.
Os símbolos municipais devem ser usados, sempre, de forma solene. O Brasão em documentos oficiais do Município (tanto do Poder Legislativo como do Poder Executivo), o Hino em ocasiões festivas e solenes e a Bandeira nas escolas, nos gabinetes oficiais, nas repartições públicas do município e em festas cívicas.


UM POUCO SOBRE A EDUCAÇÃO, A RELIGIÃO E NOSSAS ENTIDADES


Educação: Os primeiros professores nomeados pelo governo estadual foram: Onofre da Silva,
Tertuliano Soares Albergaria, que atuou como diretor Washington Pereira e Maria Isabel da Silveira.
Escolas Reunidas: criada em 1922. Primeiro núcleo educacional oficial.
Grupo Escolar: Em 15 de fevereiro de 1935 foi criado o Grupo Escolar de Tanabi.
Prédio do Ganot: iniciado em 1944. Inaugurado em 03 de agosto de 1945.
Escola Normal: criada em 04 de janeiro de 1950.
Colégio Estadual: criado em 1957
Instituto de Educação: criado em 23 de janeiro de 1962
Fundação Educacional: criada pela Lei Municipal 921, de 22 de abril de 1986.
APAE: criada em 27 de maio de 1970.
Paróquia: Nossa Senhora da Conceição, criada em 20 de dezembro de 1922 e a nova matriz teve sua pedra fundamental lançada em 10 de outubro de 1927.
Loja Maçônica Fé e Amor nº 42, de Tanabi: criação em 16 de novembro de 1946.
Lions Clube de Tanabi: criação em 15 de junho de 1964.
Rotary Clube de Tanabi: criação em 22 de março de 1988.
Rádio Clube de Tanabi: criada em 25 de outubro de 1945 e instalada em 28 de setembro de 1947.
Jornal O Município de Tanabi: Início das atividades em 1933.
Rádio Educadora FM.
Rádio Transamérica Hits.


NOSSA POPULAÇÃO


População – A formação étnica da população tanabiense. Os portugueses, os italianos, os espanhóis, os sírio-libaneses, os negros e os índios. Imigrantes e migrantes. O mameluco, o mestiço e o mulato.
Definições básicas.
Êxodo Rural - a mudança da população com relação à zona rural e urbano. Quadro comparativo de 1950 e 2007 indicando a inversão dos números.
Tradições tanabienses: Natal, ano novo, reis, Missa do galo, presépio.
Danças: Pau-de-fita, juninas, catira e jogo da capoeira.
Festas populares: carnaval, corso, folguedos, festa de São Benedito, do Rosário, San Gennaro
(Januário) e outras.
Instrumentos musicais usados: berimbau, atabaque, caixa, cuíca, pandeiro, maracá, reco—
reco, zabumba, cavaquinho, viola, violão, banjo, rebeca, acordeom ou sanfona, flauta, clarinete, tuba, sax, e trombone.
Advinhas: O que é o que é e trava-na-língua. Usos na fase infantil e na fase da adolescência.
Lendas e mitos tanabienses: As lendas trazidas por nossos antigos colonizadores - lobisomem, Sereia ou Mãe-dágua, Mãe-de-ouro, Matintapereira, Pisadeira, Mula-sem-cabeça, Saci, Cuca, Mulher de Branco e Mulher do banheiro.
Folclore: Destaque dos principais componentes trazidos por nossas colônias iniciais- o gato, cartas de baralho, tarô, cristais, ferradura, fantasmas, cinzas, magia branca e magia negra. Vampiros, relicários, cruz, trigo e transmutações. Superstições. Dilúvio. Ovo de Páscoa.
Religião: cristianismo, espiritismo e maçonaria. Os evangélicos.
Alimentos e bebidas vindas de nossos colonizadores: paçoca, pé-de-moleque, lasanha, nhoque, esfirra, quibe, putchero, macarrão, vinho, champanhe, cachaça, maçã-do-amor e outros.

CONCLUSÃO DO AUTOR


É interessante o trabalho do escritor que relata a história real de um povo. Muitas
vezes são anos a fio de estudos, pesquisas, confrontações de dados, correção de rumos e
tudo, depois de tudo pronto, o resultado não ultrapassa algumas linhas ou algumas páginas
em um livro que leva muito tempo para ser escrito.
A História demora, mas a narrativa de seus acontecimentos se converte em meros
instantes que, se não cuidados, acabam por se perder.
Ser historiador é saber ouvir, interpretar e registrar as vozes do passado.Esta capacidade
é uma qualidade que dá ao ser humano um dos seus mais nobres atributos: escrever a sua
história.
Quando o senhor Sebastião Almeida Oliveira atendeu a uma solicitação do então
Prefeito Municipal Doutor Venizelos Papacosta, infelizmente recentemente falecido, não tinha
ele a menor idéia de como fazer para atender à solicitação, visto que em Tanabi não se tinha
história escrita referente a sua evolução político-administrativa a não ser algumas datas como
elevação e instalação do município e elevação e instalação da comarca, datas estas recentes. O registro histórico mais antigo sobre Tanabi está no livro ‘Album Illustrado da Comarca de Rio
Preto- 1917-1929 ’ organizado por Abílio Abrunhosa Cavalheiro, resumindo dados gerais
sobre Tanabi nas páginas 1073 a 1103., onde é dado como fundador o índio domesticado –
Joaquim Chico – da tribo tamoya. (grifo nosso e grafia original da época).
Era preciso remeter para o sistema central de história dos municípios do Palácio do
Governo de São Paulo um resumo urgente, bem como outros símbolos municipais como
bandeira e hino. Estava tudo por fazer.
Pela forma auricular, ou seja, informações boca-ouvido, nosso historiador escreveu o
que ouviu pela cidade, em especial dos mais antigos, e resumidamente, a história se referia a um cidadão a quem se atribuía genealogia indígena chamado Joaquim Chico (ora caiapó ora tamoio, ora bugre) sendo este que fundara um arraial em 04 de julho de 1882, reunindo companheiros diversos e moradores da região do Jatay, com destaque para o italiano Polinice Celeri.
Joaquim Chico era, segundo anotações do senhor Sebastião Almeida Oliveira, um
remanescente da tribo dos caiapós (Subsídios para a História de Tanabi,p. 15), um bugre
manso (p.10) ou um índio tamoio, conforme relata no mesmo livro, na página 34, repetindo o
tratamento constante do livro de Abrunhosa Cavalheiro.
O nome completo do fundador, sua genealogia, ou seja, seus familiares, comprovação
de sua existência (nascimento e morte) e outras informações não estavam e ainda, em parte,
continuam não disponíveis a ninguém. Tudo estava por ser esclarecido e vários pontos
permaneciam sob o véu do tempo, e alguns poucos pontos ainda permanecem a esclarecer.
Alguns registros sobre o pós-arraial, ou seja, a criação da Capela do Jatahy, acabaram por
aflorar, saindo de gavetas, bem como outras informações que já se perdiam no tempo.
O que pode reunir num documento o senhor Sebastião o fez, e em 1977 publicou seu
livro chamado “Subsídios para a História de Tanabi”. Subsídio, segundo nosso dicionário, quer
dizer auxílio, socorro, benefício, quantia subscrita para obra de benefício ou de interesse público.
Nada melhor do que este começo.
Intimado pelo senhor Sebastião a continuar o trabalho iniciado, visto que fomos nós
que datilografamos grande parte dos originais do seu livro, fizemos vários desenhos, mapas, o
que pode ser comprovado pela análise da letra que aí registramos, acabamos por prometer-lhe solenemente que continuaríamos sua obra e isto fizemos, lançando nosso livro em 2003, em primeira edição, agora não mais subsídios e sim a História de Tanabi.
Buscamos trilhar por três teses sendo elas a comprovação da existência do fundador,
conhecer sua descendência e comprovar a veracidade dos fatos mediante documentos
probatórios. Fomos a campo e o fizemos, conforme relatamos neste livro, indo mais à frente
com as informações que pudemos levantar, tanto de natureza política como administrativa.
Foi mais de uma década de trabalho.
Transformamos nossa história de subsídios para um relato praticamente completo,
sabendo que uma história nunca está pronta porque ela acontece todos os dias. Cabe ao
historiador registrá-la. Não o sendo feito, torna-se pó ou lenda.
A verdade afasta o mito. Esta foi a tese central deste trabalho.
Comprovamos a existência jurídica de Joaquim Francisco de Oliveira, o Joaquim Chico
e, paralelamente comprovamos a existência de seu pai, Francisco de Paula Oliveira, de sua
mãe Anna e de Manuel Francisco de Oliveira, seu irmão. Atiramos numa direção e colhemos
resultados de várias formas, indo muito além do pretendido inicialmente. De forma
complementar, levantamos todos os descendentes de ambos os filhos e descobrimos o porquê da existência da lenda de que Joaquim Chico era considerado um índio, e isto se fundamenta no fato de ser sua mãe uma índia caiapó, vinda com Francisco de Paula Oliveira, seu pai, da região de Minas Gerais, onde habitavam os Caiapós, além das barrancas dos rios Paraná e Grande. Este fato era repetido pelo poeta João de Melo Macedo em conversas várias que tivemos com ele sobre este e outros assuntos. Após estafante pesquisa descobrimos ser Anna o nome da mãe de nosso fundador.
Buscamos atingir num ponto e acabamos acertando na verdadeira história de Tanabi
e sua fundação, e, por conseguinte, todo o restante da história de nosso arraial, de nosso
distrito policial, de nosso distrito de paz, de nossa vila, de nosso município e de nossa comarca.
Não ficou de fora a história dos descendentes de nosso fundador e de sua família.
Teses levantadas, teses comprovadas. Controvérsias à parte. Não há história que não tenha
pontos de contestação. A contestação é o rastilho da descoberta de novos fatos ou de fatos novos.
Ao final do trabalho proposto nos deparamos finalmente com nossa história revelada,
escrita e registrada para sempre. Tudo o que foi possível registrar nós o fizemos. Afastado foi o perigo da perda de nossa história e de nossa identidade sócio-politico-cultural. O mito deu
lugar à realidade.
O trabalho final foi uma surpresa até para nós. Foi e é gratificante o resultado, embora
não só de interesse para nossa pessoa e sim para toda uma comunidade, seja ela de ontem, de hoje ou de amanhã. Após cumprida nossa etapa de vida, certeza ficará um trabalho para as
futuras gerações.
O livro está composto de fatos antecedentes e conseqüentes à fundação e sua história
se inicia, oficialmente, em 04 de julho de 1882 e os registros correm até o ano de 2008. É
lógico e natural que antes de 1882 já se movimentava em nossa região um número grande de
habitantes esparsos, cada um ou cada família em suas terras, com ou sem documentação
oficial. Todas as fases estão levantadas, umas mais outras menos completas. Agora, o passar
dos anos se encarregará do restante e pelo trabalho dos continuadores de nossas pesquisas,
por certo, o que ainda não está registrado o será.
Para não se perder o fio da história, reunimos, também, num capítulo especial, toda a
formação étnica de nossa população, seus costumes, suas tradições e suas lendas. Era urgente que isto acontecesse visto que, com o perpassar dos anos, tudo poderia se cobrir com o pó do tempo e não mais ser desvendado. Aquilo que fica apenas na memória está fadado a
desaparecer ou se tornar num nascedouro de lendas e mitos que não podem se integrar a uma
história real e verdadeira. A idéia da inclusão deste capítulo nos foi dada por estudantes que
buscavam conosco informações sobre tal assunto, não disponíveis até então. Mãos à obra e o
assunto aqui está registrado.
Torcemos, agora, que outros venham a continuar a escrever a História que continua a
acontecer. Se houver interrupção neste fluxo, fatalmente poderemos perder os capítulos já
acontecidos e que ainda não foram escritos para que as gerações futuras possam conhecê-los, apreciá-los a tirar deles o que de bom aconteceu e evitar os erros que com certeza se registraram.
Os registros sobre nossa história não podem ser interrompidos. Se isto ocorrer, todo o
trabalho feito até agora poderá ser perdido.
Analisando as páginas de nossos livros antigos e anotações várias que ficaram gravadas
aqui e acolá, montamos alguns fragmentos de nossa história, e cremos reconstituímos
momentos importantes de nossas experiências passadas, boas e más.
Nas páginas amareladas pela ação do tempo, através da caligrafia de nossos
‘escrevinhadores’, as ‘actas’ surgem para nos ensinar repetidamente alguma coisa sobre aqueles que existiram antes de nós e que, sem dúvida, queriam o melhor para nossa terra e nossa gente, apesar do uso de expedientes poucos recomendáveis, mesmo para a época.
Agiram mal cassando companheiros, impugnando candidaturas, impondo seus estilos,
dominando e até matando pessoas em seus tempos? Estes comportamentos exercitados e talvez até mais refinados atualmente não mais acontecem nos tempos atuais? Citamos o caso do Dr.Francisco de Assis Santana a título de ilustração. São muitos os casos registrados, infelizmente.
Poderiam ter agido de outras formas e alcançado melhores resultados, não só para si
próprio como também para a comunidade, para o futuro de cada tanabiense enquanto indivíduo e o todo como um povo que clama pela paz e pela concórdia?

As bocas caladas pelo arbítrio e pela força deveriam ser emudecidas? Estariam elas
totalmente erradas? Quantos foram mortos, física e politicamente?
Foi bom para quem? O que sobrou de todos os exageros perpetrados? Onde estão os
pretensos ‘donos’ do poder absoluto? O que sobrou deles?
A vida humana não excede, em regra, há um século. Raros os que ultrapassam esta
marca. Nem os faraós conseguirem a tão sonhada eternidade ou manutenção do poder. A
eternidade sonhada resultou em corpos empalhados, assustadores, sem o poder que tanto
desejaram manter.
Os tanabienses de hoje estão envolvidos na roda da vida e submissos, como outros,
ao ciclo eterno da matéria. Nascem, crescem, se reproduzem e morrem, da mesma forma que
os tanabienses de ontem. Assim será com os tanabienses de amanhã.
O que ficou daqueles que ontem se pensaram eternos?
Rabiscos num livro. Poucas conquistas. Livros carcomidos pelas traças e deteriorados
pela ação do tempo. O que de bom foi feito ficou, mesmo sob as agressões naturais e o
esquecimento humano. Podemos até não conhecer o autor ou autores de tudo aquilo que foi
feito de bom e que ficou a desafiar a própria eternidade, os benefícios estão ai e sendo úteis
para todos, sem distinção.
Assim se escrevem as histórias dos povos. Assim sempre foi e assim sempre será. A
História acontece. Os que a respeitam, escrevem-na. Os inteligentes aproveitam dela para não
errarem mais.
O que fica de bom do homem são suas atitudes, suas obras em favor do bem comum.
O resto desaparece na poeira do tempo.
É bom ficar consignado que, de forma pessoal, sempre pagamos caro pela ousadia de
pensar alto, em tentar modificar o que entendíamos e entendemos errado ou não totalmente
correto, em enfrentar poderosos durante o tempo de seu pretenso mando e desafiar àqueles
que calcam suas vidas em ódio, prepotência e incompetência. Estes não resistirão ao tempo e
sucumbirão como outros que já agiram da mesma forma. Não é preciso fazer nada para vêlos
punidos. O tempo e a própria consciência o farão por nós. A certeza é que, mesmo que
aqui já não mais estejamos os débitos individuais serão devidamente quitados, com menor ou
maior intensidade e as virtudes enaltecidas.
A covardia impera no meio político. Os coronéis de ontem, enrustidos e covardes,
muitos deles, buscavam anular a oposição de medo dela e sabedores de que suas idéias poderiam facilmente ser contestadas, dada à fragilidade de seu poder temporal. Matavam ou destruíam que ousasse discordar. Pensavam que em assim agindo estariam livre dos opositores. Contestados e contestadores morrem, idéias não.
Convivemos por muitos anos com o escritor Macedo, o historiador Sebastião, o
músico Silvio Bertoz e sabemos o quanto estes também amargaram o peso de ousar em ter
pensamentos próprios e de não poderem contar com o apoio esperado e merecido enquanto
vivos. De quando em vez alguns demagógicos elogios ou homenagens. Uma vez mortos,
tornam-se bandeiras ou heróis.
Sempre repetimos e reafirmamos: ‘feio não é mudar de idéia, feio é não ter idéia para se
mudar’. Toda vez que defendemos uma tese e fomos convencidos de estarmos no caminho
errado alteramos nossa forma de ver e de agir. Certos, nada nos fazia mudar de rumo ou de opinião. Dizem que os calabreses são teimosos. Se isto for teimosia, sou calabrês. É bom que
fique consignado que sentimos, nestes anos todos de vida em Tanabi, não só de forma
pessoal como familiar, o peso da intolerância, da inveja, da injustiça e da perseguição, em
vários níveis, mas também fomos alvos de admiração e respeito, não só minha pessoa como
meus familiares.
Alguns erros ou omissões de nossa parte foram sempre e prontamente transformados
em gigantescos meios de fomentar a crítica e a ingratidão. Mesmo buscando caminhar sempre, além do que podíamos suportar, vários foram os que imiscuiram-se em nossa vida pessoal e familiar, buscando nos prejudicar e tornar nossa vida mais difícil. Muitos são os vergões que carregamos no corpo e na alma.
Os vergões no corpo buscamos sempre superar; os na alma serão carregados para
sempre em nossas lembranças por mais que tentemos esquecê-los. Por outro lado, nos anima
o exército de pessoas de vários níveis que sempre se enfileiraram ao nosso redor e defendendo nossas propostas, idéias, ações e trabalho por Tanabi, não indo aqui nenhuma falsa modéstia.
Quanto à nossa História, este estudo não está completo e nunca estará, isto porque a
história não tem fim. Registramos o que pudemos observar nestes anos de existência municipal.
As pesquisas foram fundamentadas em declarações dos familiares do fundador. Em nenhum
momento colocamos em dúvidas as palavras e as informações recebidas sendo, portanto,
deles, a responsabilidade, já que cabe ao historiador apenas registrar os fatos e organizar suas seqüências históricas. Não nascemos em Tanabi, somos de Ariranha, Estado de São Paulo de onde viemos com três meses de idade. O senhor Sebastião Almeida Oliveira era de Monte Azul Paulista; João de Melo Macedo era de Santa Rita de Cássia, Minas Gerais, Silvio Bertoz era de Monte Alto. De forma nenhuma não nos comparando a eles, mas cada um em sua área de atuação e cito-os como exemplo da contribuição de nós, migrantes, em favor da
história e da cultura local, da cultura tanabiense, lembrando que Tanabi já foi alcunhada de ‘A
Athenas do oeste paulista’. Tanabi nas décadas de 30 a 60 foi um verdadeiro celeiro de intelectuais, em todos os níveis e áreas.
Se tudo se encaixa como missão ou opção, não arriscamos em definir, ficando certo
que o importante é o trabalho feito e que este está à disposição de todos os tanabienses de
hoje e das gerações que virão, sem distinção.
O que aconteceu é imutável e está escrito nas eternas linhas do tempo. Pertence à
História. Nada pode ser mudado. Se há ‘carma’, teremos que buscar resolvê-lo e anular seus
efeitos. Colocamos no papel o que aconteceu neste quase um século e meio de existência
comunitária. Estes registros não morrerão jamais. Eternos serão e para muitas coisas terão
finalidade. Tenho certeza que nosso trabalho não foi em vão.
Que sirvam estas páginas para um alerta aos que vivem hoje e os que virão no
incontrolável ciclo dos anos. O futuro não tarda nunca. Ele vem como que o sopro do vento.
Nada é eterno e cabe aos homens aprenderem a viver com a História. Ela é a mesma,
sempre, modificam-se apenas as personagens. Ai daqueles que pensam que a Terra gira em
razão de suas presenças.
Há coisas difíceis de serem ditas com perfeição. A Ciência tenta; a Matemática resume, a
Filosofia rabisca, mas, o poeta consegue como ninguém dizer o que é muito difícil de ser dito.

Como um historiador não pode agir sem a poesia como ferramenta auxiliar, eis como
vemos a questão do exercício do mando e do poder: Nestes versos objetivamos fixar como
pensamos a respeito do homem e de seu importante papel em seu grupo social.

Homens, Cidades e o Tempo
No transcurso de um espaço, num tempo
cidades germinam, nascem e morrem.
Outras sobrevivem e se tornam verdades.
Sob o domínio sempre dos fortes
os fracos sucumbem, se tornam inertes.
Deixam-se levar. A minoria domina.
Não existem cidades sem homens.
Não existem homens sem cidades.
Os fortes nem sempre são fortes.
Covardes muitas vezes. Enrustidos.
Sob o manto do medo embrutecem.
Passa o tempo. Nada detém sua marcha.
Os fortes e os fracos se vão.
Substituem-se. Novas gerações surgem.
Não existem cidades sem homens.
Não existem homens sem cidades.
Mudam os homens. Mudam os tempos.
As cidades se transmudam.
Os espíritos se enobrecem.
Por mais fortes jamais serão eternos.
Por mais fracos nunca serão vencidos.
Por isso existem homens e cidades.
Não existem cidades sem homens.
Não existem homens sem cidades.